A Universidade Federal do Rio Grande (Furg) divulgou nesta semana os resultados das investigações sobre o episódio de apologia ao nazismo ocorrido na instituição em janeiro deste ano. À época, desenhos de suástica e frases de cunho racista e nazista foram encontrados em um banheiro da Faculdade de Direito, no Câmpus Carreiros. Em nota, a Furg afirmou que não foi possível identificar a autoria do crime e propôs ações educativas e de segurança para combater essas situações.
O relatório, que é resultado do trabalho da Comissão Especial Temporária instituída após o ocorrido, sugeriu a criação de um protocolo único de comunicação para atender ocorrências nas dependências da Furg e a instalação de câmeras de segurança 24 horas no câmpus. Para fins pedagógicos, também foi recomendado o desenvolvimento contínuo de atividades sobre racismo, nazismo, fascismo e outras formas de violência, a fim de combater a intolerância através do diálogo. A instituição também afirmou que o relatório já foi aprovado pelo Gabinete do Reitor e os procedimentos necessários para implementar as medidas sugeridas já estão sendo encaminhados.
Sobre a autoria do crime, a instituição informou que foram investigadas documentações e registros em vídeo de pessoas notificadas a prestar informações e denúncias. No entanto, o relatório afirmou que “tanto as pessoas ouvidas como as denúncias encaminhadas não apresentaram qualquer informação que permitisse a identificação de algum indício de autoria”. Segundo a Furg, toda a documentação foi encaminhada à Polícia Federal, que já possui inquérito policial em andamento.
Diretório estudantil reage
O movimento estudantil entende que o relatório ainda é insuficiente e avalia que é necessário mais aprofundamento no debate sobre a segurança nos campi da instituição. “Entendemos as questões da investigação, mas não podemos nos contentar e nos darmos por satisfeitos com a falta de informações. Prezamos muito pela segurança dos estudantes e a insegurança dentro dos campi é muito grande”, afirmou uma das coordenadoras gerais do Diretório Central de Estudantes (DCE) da Furg, Milena Guadagnin.
Os estudantes entendem que a discussão proposta pela Comissão é rasa e deveria ser mais incisiva. “É necessário aprofundar o debate da segurança junto à reitoria e à Secretaria de Segurança Pública do Município, porque entendemos que está em cheque a segurança de servidores e alunos”, comentou um dos membros da gestão do DCE, Paulo Leonardo Júnior.
Conscientização é fundamental, diz movimento
Ao Diário Popular, a União Nacional de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro) afirmou que as investigações da Furg são vistas com bons olhos e que o relatório final, apesar de inconclusivo, propõe medidas referentes a demandas já levantadas pela entidade. “O relatório reforça dois pontos que já havíamos manifestado, que são a necessidade do desenvolvimento de ações contínuas de reflexão, formação e conscientização sobre o racismo estrutural e a necessidade de reforço na segurança”, comenta o vice-presidente da Unegro-RG, Chendler Siqueira.
O ativista avalia que é inadmissível uma estrutura do porte da Furg não garantir o mínimo de segurança para toda a comunidade e reforça a importância de discutir o racismo dentro e fora das universidades. “Casos como esse evidenciam o sentimento de inconformidade pela nossa ocupação nesses espaços, que nos é devido. Por essa razão, entendemos a necessidade de discutir a temática em todos os espaços e oportunidades possíveis, pautando a conscientização sobre a verdadeira história dessa nação e o processo de construção da nossa sociedade”, finaliza Siqueira.
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