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Idosos serão um terço de Pelotas em 2050
Por isso, cada vez mais as políticas públicas no município precisarão levar em conta este público
Projeção do Conselho Municipal do Idoso (CMI) é de que Pelotas terá um terço de sua população - superior a 32% - com mais de 60 anos em 2050. “A pirâmide etária está se deslocando”, comenta o presidente Jaime Bendjouya. Segundo ele, Pelotas tem hoje cerca de 16% de pessoas na terceira idade.
Falta planejamento e desenho urbano para atender esse grande número de moradores, que só tende a aumentar, de acordo com o mestre e professor da Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Alexandre Maciel. “Tem planos de tudo, mas de mobilidade urbana não”, assinala.
Dentro desse plano é preciso elencar os principais entraves para a população idosa, que são as calçadas cheias de buracos e altas, que precisam ser rebaixadas, a construção de mais rampas e a fiscalização efetiva quanto às condições dos passeios públicos, onde frequentemente as pessoas caem. Maciel enfatiza que Pelotas é uma cidade histórica e tem meio-fio de 30 centímetros. “Muito mais alto que o usual”, frisa. Além disso, observa o professor, os ônibus novos (transporte coletivo urbano) são de difícil acesso, com degraus altíssimos.
Aponta ainda a sinalização deficitária, no sentido de que os semáforos têm período reduzido, que muitas vezes não permitem tempo suficiente para a travessia do idoso, sobretudo se tem alguma deficiência visual. “Pelotas não está nem um pouco preparada e tem que começar urgentemente a planejar e desenhar a cidade. As pessoas estão vivendo mais e a acessibilidade é complicada”, fala. Para o docente, rampas elevatórias podem ser a opção nos mais variados prédios públicos e privados de difícil acesso aos idosos. O plano de mobilidade urbana tem de partir do Poder Público e envolver a comunidade.
"Idosos não se aposenta para ficar em casa de pijama"
O presidente do CMI enfatiza que cada vez mais as famílias têm menos filhos. Além disso, a idade reprodutiva mudou. A tendência é de que os filhos nasçam cada vez mais tarde e a expectativa de vida aumentou, comenta, ao destacar que o crescimento do número de idosos é tão grande que as ações feitas são insuficientes.
Bendjouya considera necessário ampliar as ações nas áreas da saúde, lazer e desporto, que não atingem a totalidade da população com mais de 60 anos em Pelotas. “Temos duas faculdades de Medicina com no mínimo quatro semestres voltados à Pediatria e nenhum à Geriatria. Não se estuda velho”, afirma.
O sistema de assistência social também deixa a desejar em sua opinião, pois avalia que a estrutura da cidade não está moldada para atender idosos. “Há locais de estacionamentos para idosos, mas não existe essa consciência dos motoristas. A população não se dá conta de que não está fazendo nenhum favor em ceder espaço para o idoso, porque um dia todos serão idosos, se chegarem vivos”, ressalta.
Conforme o presidente, o Conselho tem um bom diálogo com a prefeitura, mas a estrutura municipal não está em condições de atender a terceira idade. Um dos pleitos é um departamento municipal que cuide dos problemas relacionados aos idosos.
Cita ainda que Pelotas nem casas-lares possui. Uma espécie de creche para mais velhos que não podem ficar sozinhos em casa enquanto seus familiares trabalham e que no final do dia podem ser pegos para voltar à residência.
“Não existe um programa de valorização do idoso e a população não valoriza a maior idade saudável, que não se aposenta para ficar em casa de pijama e morrer. Não se preconiza mais isso”, conclui.
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