Estação das flores
Início da primavera será com céu cinzento
Chegada da estação nesta sexta-feira terá tempo nublado e pancadas de chuva em Pelotas
Carlos Queiroz -
A primavera começa hoje às 17h02min, período em que a natureza desabrocha com as temperaturas mais quentes e dias de sol. Porém, os primeiros dias da estação em Pelotas serão de tons pouco coloridos; céu nublado e pancadas de chuva devem prevalecer até a próxima semana, com mínima de 11ºC no domingo e máxima de 27ºC na quarta-feira.
A transição marca o fim de um dos invernos menos frios da história do Rio Grande do Sul. Chegou a nevar em alguns municípios do Estado - em São José dos Ausentes, por exemplo, foi registrada temperatura mínima de 7,8ºC abaixo de zero no dia 19 de julho. Mas os episódios de frio intenso foram muito pontuais e todos os meses da estação tiveram marcas bem acima do normal. Em Pelotas, mal deu pra aproveitar os casacos mais pesados e as bebidas quentes.
Na primavera a frequência de dias de calor aumenta, diminuindo os de frio. O começo é de temperaturas mais amenas, com final já demonstrando padrão de verão. “A tendência é de uma primavera com temperatura acima da média, mantendo o que se observou no inverno”, estima Estael Sias, Meteorologista da MetSul.
A empresa de meteorologia informa que a primavera deste ano deve trazer mudanças importantes por conta de alterações no padrão geral de circulação atmosférica do planeta. Até 21 de dezembro, fim da estação, deve ter chuva próxima ou acima da média na maioria das regiões do Estado. Episódios de chuva volumosa e intensa serão muito pontuais e regionalizados.
O momento é de dúvidas a respeito das condições para o estabelecimento do fenômeno La Niña, que provoca secas e aumento da temperatura na Região Sul do país. Estael Sias conta que a estação começa com o Pacífico no limite entre neutralidade e La Niña. Mas, no decorrer da primavera pode ter início um evento de La Niña que perduraria até o verão. As previsões de retorno do fenômeno, com duração entre nove e 12 meses, são justificadas pelo resfriamento recente da temperatura superficial e sub-superficial do Oceano Pacífico. “As anomalias de temperatura da superfície do mar no Pacífico Central Equatorial hoje estão em valores mínimos de La Niña e os dados indicam que o resfriamento das águas se acentuaria durante a primavera, o que caracterizaria um episódio de La Niña com possíveis impactos no regime de chuva aqui no Estado e na safra de verão”, explica a meteorologista da MetSul, Estael Sias.
O período também traz maior frequência de tempestades, com possibilidade de intensos vendavais e granizo. “Neste ano os temporais serão ocasionais, porém quando ocorrerem podem ser fortes”, destaca. Inicialmente associados a investidas de ar frio, na segunda metade da estação são provenientes da combinação entre forte calor e umidade. O vento Leste deve se acentuar da tarde para a noite no decorrer da primavera, especialmente em outubro e novembro, devido ao contraste térmico entre ar frio na costa e ar quente no continente.
No campo
A chuva das últimas semanas atrasou o preparo das lavouras para os produtores de arroz mais adiantados. Igor Kohl, engenheiro agrônomo do Instituto Riograndense Arroz (Irga) de Pelotas, conta que somente um produtor de Rio Grande já deu início ao plantio. O período ideal, ressalta, é durante outubro. A expectativa do órgão é de que a produtividade da safra mantenha os resultados de 2016. A chance de 2017 contar com La Niña é boa notícia para os produtores da cultura, pois há aumento de luminosidade e menos chuvas. A intenção de semeadura para este ano é de 173 mil hectares nos campos da Zona Sul. Em Pelotas, oito mil.
O plantio do milho e do feijão, culturas do período, já foi iniciado - o primeiro com 73,3 mil hectares; o segundo com 3,4 mil hectares -, teve valores semelhantes à safra passada, com leve redução, de acordo com o engenheiro agrônomo da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), Evair Helert.
A novidade fica por conta da soja, que tem expectativa de semeadura de 300,5 mil hectares, aumento de 7,05% em relação às lavouras no ano passado. Caso o La Niña for confirmado, a Emater alerta para os períodos de estiagem, com duração de três a quatro semanas. “Para minimizar os riscos de perda, o bom manejo do solo e da água deve ser intensificado”, aconselha o agrônomo.
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