Apesar das baixas temperaturas predominantes na região desde os primeiros dias de junho, o solstício de inverno inicia oficialmente somente hoje às 11h58min e termina no dia 22 de setembro. Neste ano, sob intensa influência do fenômeno El Ninõ, a estação deverá ser marcada por chuvas acima da média e temperaturas mais amenas devido à umidade.

Desde 2019, os invernos no Brasil ocorriam com a presença do La Niña. Agora sob influência mais forte do El Niño, os dias de frio intenso não serão presença constante nem mesmo no Rio Grande do Sul. Apesar de que astronomicamente o inverno inicia no dia 21 de junho, no hemisfério sul, climaticamente, a atmosfera começa a responder às características da estação antes, culminando nas temperaturas baixas há alguns dias.

De acordo com o meteorologista Allef Matos, assim como nas últimas semanas, na primeira quinzena de julho ainda haverá episódios de dias mais gelados com temperaturas negativas e a presença de geadas em razão da passagem de massas de ar polar. No entanto, não deverá ser um inverno rigoroso com a predominância de frio intenso. A partir da metade do mês, na Zona Sul, as temperaturas devem ficar mais moderadas, com período de índices altos de umidade e de chuva. “Principalmente em agosto e setembro, aumentando o risco de temporais e granizo”, prevê.

Ainda conforme Matos, a média de temperatura em Pelotas nesta época oscila entre 12 e 13 graus. Já neste inverno, os termômetros frequentemente deverão marcar acima desses números e nos próximos quatro meses o volume de chuvas deverá ficar entre cem e 120 milímetros.

Volume médio de chuva em Pelotas
Junho: 107,7 mm
Julho: 112,7 mm
Agosto: 117,4 mm
Setembro: 128,7 mm
Outubro: 120,2 mm

Médias mensais de temperatura em Pelotas
Junho: 13,1°C
Julho: 12,3°C
Agosto: 13,7°C
Setembro: 15,3°C
Outubro: 17,8°C

O El Niño
É um fenômeno de interação entre o oceano e a atmosfera caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do pacífico equatorial e o enfraquecimento dos ventos alísios, o que favorece temperaturas mais elevadas e a maior ocorrência de chuvas no sul do Brasil, devido à presença de nebulosidade e umidade.

Impacto na agricultura da Zona Sul
Na agricultura, as consequências do El Niño podem prejudicar várias culturas. Como explica o engenheiro agrônomo da Emater, Evair Ehlert, a exemplo da olericultura e da produção de cebola, comuns na região, a umidade e as temperaturas acima da média podem proporcionar o aparecimento maior de doenças, aumentando os custos de produção em razão do uso de defensivos agrícolas.

Na fruticultura, a situação é a mesma, o excesso de umidade aliado aos dias nublados. No caso do cultivo de pêssego da região de Pelotas, que conforme Ehlert, estará em plena floração, poderá incidir em maior número de podridões nos frutos e comercialização menor. Do mesmo modo, morangueiros e outros cítricos floridos em setembros podem ser impactados negativamente.

Se a previsão do mês de setembro chuvoso se concretizar, os cultivos do trigo e do arroz também serão prejudicados. Já as culturas de verão, como soja e milho, serão beneficiadas. “A situação será favorável amplamente para recuperar totalmente os nossos mananciais de água”, complementa o engenheiro.