Saúde
Junho Vermelho busca aumentar o número de doadores de sangue
Somente 16, a cada mil pessoas são doadoras no País; na Zona Sul, Hemopel atende a 23 municípios e precisa de todos os tipos sanguíneos
Carlos Queiroz - DP - Natana do Amaral doou sangue pela segunda vez
A conscientização sobre a importância da doação de sangue é um trabalho constante desenvolvido por diversas instituições, especialmente em junho. Conhecido como o mês vermelho, devido ao Dia Mundial do Doador, comemorado dia 14, nesse período, o incentivo ao gesto de solidariedade é intensificado. Na Zona Sul, somente o Hemocentro Regional de Pelotas (Hemopel), é responsável mensalmente por fornecer em média mil bolsas de sangue aos hospitais da região.
Dedicado ao agradecimento aos doadores, o Junho Vermelho também tem o propósito de fomentar o hábito da doação regular. Conforme dados do Ministério da Saúde (MS), somente 16 a cada mil habitantes são doadores de sangue no País, o que corresponde a 1,6% da população brasileira. O quadro de escassez é exemplificado no Hemopel. Mesmo diante do mês que busca mobilizar a população sobre a vitalidade do sangue para salvar vidas, os estoques do local dos tipos sanguíneos O + e O- se encontram em estado crítico.
Além disso, com a chegada das temperaturas baixas, surge mais um impasse para as doações. O aumento de casos de síndromes gripais diminui consideravelmente o grupo de doadores aptos. “Um grande número de pessoas se encontram com esses sintomas e acaba limitando ainda mais a vinda desses doadores”, diz a responsável pelo setor de captação do Hemopel, Márcia Lages. Ela explica ainda que além dos tipos sanguíneos em estado crítico, o Hemocentro necessita de doações de todos os tipos. Isso porque a média ideal para manter os níveis dos estoques é de 50 doadores por dia, no entanto, “é difícil atingir essa meta”, como afirma a captadora.
Os homenageados
O dia 14 de junho é dedicado no mundo todo ao agradecimento a atitude solidária de pessoas como o Gilnei Rutz. Morador do interior de São Lourenço do Sul, sempre que o auxiliar de escritório está em Pelotas a trabalho e surge um espaço na agenda, ele aproveita para passar no Hemopel. “Por acaso tinha uma entrega aqui perto, aí aproveitei para vir doar. Sempre tem amigos ou parentes de amigos precisando”. As doações regulares são feitas por Rutz há mais de dez anos, o que significa que ele já ajudou a salvar inúmeras vidas. “Então a gente fazendo a nossa parte, garante que se perpetue porque eventualmente pode ser uma pessoa próxima a nós ou a gente a precisar”.
Já Natana do Amaral conta que é a segunda vez que dedica parte do seu dia para passar no Hemocentro. A dona de casa explica que com a correria do dia-dia acaba não conseguindo doar frequentemente, mas que está adquirindo o hábito de se dedicar às doações. “Como eu já estava pelo centro, aproveitei para vir aqui. Porque quando precisa, em caso de acidente, por exemplo, não dá tempo [de buscar por doadores]. Para quem nunca doou ou faz tempo que não pratica esse ato, Natana diz: “Não dói, não dá trabalho, é bem rápido, as pessoas não vão perder muito tempo”.
A realidade de quem precisa
Recentemente, Fátima Alves foi diagnosticada com um câncer. O tratamento com quimioterapia, de suma importância que seja iniciado o mais rápido possível para o combate da doença, foi atrasado em seis dias devido a falta de doadores de sangue. Com o seu tipo sanguíneo (O-) em falta no Hemopel, somente com a mobilização de amigos - realizando publicações em redes sociais - foi possível encontrar doadores.
Abalada pelo diagnóstico, ela conta que precisava de duas bolsas, que chegaram ao hospital quase uma semana depois. “É um tipo de sangue mais difícil”, diz.
Os estoques
O Hemopel atende a 23 municípios da Zona Sul do Estado e três hospitais de grande porte (São Francisco de Paula, Pronto Socorro e Beneficência Portuguesa) e precisa diariamente de doações de todos os tipos sanguíneos.
A situação é a mesma no hospital Santa Casa de Misericórdia de Pelotas, que é responsável pelo atendimento do Hospital Escola HE-UFPel, Hospital Miguel Piltcher e Hospital Clinicanp. Na instituição são necessárias 40 doações por dia, mas em média o número fica por volta de 15 doadores. Desse modo, os estoques de todos os tipos de sangue estão abaixo do ideal.
Para doar é necessário:
- Estar saudável, sem sintomas gripais e contato com suspeitos ou confirmados para Covid-19.
Quem teve a doença pode doar dez dias após ser considerado curado.
- Apresentar documento oficial com foto
- Pesar no mínimo 50 quilos.
- Estar alimentado, evitando alimentos gordurosos
- Ter dormido pelo menos seis horas nas últimas 24h que antecedem a doação
- Ter entre 16 e 69 anos (adolescentes precisam de autorização dos pais ou responsável legal).
Atendimento
O atendimento para doações é de segunda a sexta-feira, das 7h30min às 17h30min, sem fechar ao meio-dia. O Hemocentro fica na avenida Bento Gonçalves, 4.569.
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