Conceito

Veganismo é um estilo de vida cada vez mais acessível

Mercado tem crescido de acordo com a procura do público, mas ainda é preciso desmistificar esse universo

Jô Folha - DP - Pratos prezam por sustentabilidade e respeito à vida animal

Cada vez mais pessoas têm aderido ao veganismo. Mais do que uma dieta restritiva, ser vegano é considerado um estilo de vida, já que o indivíduo não consome nada de origem animal, o que vai além da alimentação. A maioria dos adeptos adota esse modelo por considerar a sustentabilidade do planeta, outros por respeito à vida animal, ou ainda por buscar uma alimentação mais saudável.

Guilherme Bueno, por exemplo, passou a ser vegano há três anos, ainda durante a pandemia, quando começou a ler mais sobre alimentos e suas propriedades porque estava em busca de melhorar seus hábitos. Segundo ele, um conteúdo do Ministério da Saúde que falava que alimentação 100% à base de vegetais era saudável para todas as fases da vida foi o estopim para a reflexão. “Comecei a me sentir estranho sabendo que eu poderia ter uma vida saudável sem consumir animais e mesmo assim continuar comendo. Então, de um dia para o outro, só perdi a vontade”, relata o designer.

Ele conta que desde o início da restrição perdeu três quilos, mas que se manteve dentro disso porque mantém alimentação balanceada. Além disso, não sentiu alterações na saúde, o que muitos temem. Mas confessa que ainda precisa buscar uma nutricionista para ter certeza que está mantendo uma dieta adequada.

Dentro disso, entra em discussão a busca de um profissional capacitado que indique os alimentos necessários para manter um balanceamento das vitaminas. Isso porque, segundo a nutricionista Marina Oliveira, existe um mito de que para ser saudável é preciso consumir carne. “Não necessariamente a presença ou não de alimentos de origem animal vai se vincular a uma alimentação saudável, já que, por exemplo, quem come carne pode viver à base de fast food e frituras, então isso não é saudável”, diz.

De acordo com a nutricionista, para se manter saudável dentro do veganismo é necessário manter alimentação com variedade de verduras, saladas, frutas, consumo de cereais, evitando doces e frituras, assim como uma pessoa que não segue restrições. “Se a gente priorizar a base de uma boa alimentação que são cereais, leguminosos como arroz e feijão, é muito mais fácil manter-se saudável do que literalmente colocar ou não carne na dieta”, detalha Marina.

Um dos maiores desafios é manter o estilo diante das indagações e julgamentos de outras pessoas. A nutricionista diz que, diante disso, é preciso estar preparado para o fator social, já que uma dieta restritiva também implica nos locais que essa pessoa irá frequentar e poderá demandar mais tempo para organização e produção do próprio alimento.

Gastronomia vegana

Nos grandes centros urbanos já é mais comum encontrar opções que considerem alimentações vegetarianas ou veganas, mas em cidades menores ainda existe pouca variedade para esses públicos. Em Pelotas, esse mercado vem crescendo nos últimos anos, junto com a procura. Um dos primeiros restaurantes voltados para o veganismo em Pelotas é o Libre, criado em 2015 por um casal.

Cissa Norenberg é pelotense e é vegana há 15 anos. Desde o início sentia vontade de abrir um espaço gastronômico voltado para esse tipo de dieta. Em meio às mudanças da vida, passou um tempo em Buenos Aires, onde conheceu um restaurante que oferecia cursos de cozinha vegana. Ao voltar para o Brasil, começou a botar em prática projeto de alfajores veganos. O trabalho foi crescendo para bolos e outros tipos de alimentos, até que junto do namorado decidiu abrir o próprio negócio em Pelotas.

Hoje o Libre atende de terças a sábados, das 11h30min às 16h, com proposta de almoço e café. Cissa explica que a ideia do restaurante é oferecer, além de pratos veganos, alimentos totalmente orgânicos. Dessa forma, não há cardápio fixo, já que depende da própria produção dos alimentos, que varia de acordo com a época. “A gente teve essa proposta de ser sustentável, então a nossa farinha é orgânica, o açúcar também, os produtos da feira são da agricultura agroecológica, então vamos trabalhando com as coisas que a gente tem”, explica.

Apesar de ser um restaurante vegano, boa parte do público não é ligado à restrição, frequentando o local porque gosta do que é oferecido. Além disso, a nova forma de produção também considera alimentos sem glúten, se tornando uma boa opção para pessoas intolerantes. “A maioria do nosso público não é vegetariano, são pessoas que se importam com uma alimentação saudável. Às vezes chegam até com preconceito, mas quando chegam aqui se surpreendem e gostam”, conta.

Indústria vegana

Diante desse aumento de pessoas que aderem a esse estilo de vida, em Pelotas, desde setembro de 2022, é realizada uma feira voltada para empreendedores de produtos veganos. A Brota está indo para a sua quarta edição e desde então tem movimentado esse mercado na cidade. A feira ocorre na praça Coronel Pedro Osório e o próximo encontro será em 15 de julho.

A idealizadora e uma das organizadoras do evento, Lunna Borin, explica que conversando com outras pessoas que possuem empresas voltadas para o meio, viu a necessidade de iniciar o projeto. “A nossa ideia é mostrar o movimento vegano como um movimento de inclusão.”

Atualmente há 50 expositores cadastrados com produtos que vão desde alimentos, plantas, brechós e cosméticos. “A nossa sugestão é um evento cultural, que fale do veganismo não só como uma dieta restritiva, mas como um estilo, com o consumo de marcas locais, com um comércio justo e uma economia criativa”, enfatiza Lunna.

Até este domingo (11), a feira recebe inscrição de empreendedores que desejam entrar para o projeto como expositores na edição de julho. Interessados devem preencher formulário disponível no Instagram @brotafeira.

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