As férias estão pertinho do fim e ainda neste mês milhares de crianças voltam à rotina das aulas. É neste momento que, junto com o material escolar, a alimentação equilibrada deve se fazer presente. Ela será responsável pelo fornecimento de energia, contribuindo no crescimento e desenvolvimento dos pequenos. Por este motivo os pais devem estar de olho no que vai dentro das lancheiras, aliadas preciosas quando o tema é cuidar da saúde dos filhos.

O lanchinho da hora do recreio precisa unir sabor e alimentos nutritivos, tais como carboidratos, proteínas, vitaminas e minerais. E como a hora do lanche é também o momento de socializar, quem sabe se o seu filho, mostrando e por vezes até dividindo uma refeição saudável, não vai ajudar a um coleguinha a comer melhor.

O mais importante é oferecer às crianças um laticínio, alimento construtor, uma fruta e alguma bebida (água ou suco natural), diz a nutricionista Francine Cagol, da Clínica Specialité. Junto com o laticínio (queijo, iogurte, entre outros) sempre oferecer um cereal, de preferência o pão, que deixa a criança mais saciada.

Se a opção for por sucos os pais devem prestar atenção na qualidade deles. Os industrializados não são recomendados, o ideal é que os alunos levem produtos feitos em casa, extraídos da fruta in natura. “Sabemos que com o passar das horas ele (o suco natural) perde um pouco das propriedades, mesmo assim é melhor do que os de caixinhas, que têm a mesma quantidade de açúcar que um refrigerante”, diz Francine.

A dica da nutricionista é o consumo de sucos de frutas que levam mais tempo para serem oxidados, como abacaxi, goiaba, acerola e manga. De qualquer forma a indicação é que sejam bebidos dentro de três horas, mas eles podem ficar até seis horas guardados.

Cuidado ao conservar
Outra preocupação de Francine é quanto as próprias lancheiras. Para ela o ideal é que sejam térmicas para que os alimentos não se estraguem ao longo do dia. “Embrulhar o lanche em papel alumínio para conservar melhor o alimento”, aconselha. Outra ideia é fazer o lanche bem próximo da hora da criança ir para a escola.

Mas Francine chama a atenção para as práticas familiares. Para ela não adianta os pequenos levarem lanches saudáveis para a escola se em casa eles não têm o hábito de comer diferentes tipos de alimentos. “É muito o exemplo que eles têm em casa, se eles tomam refrigerante todos os dias ou suco de caixinha e tu vais dar um suco natural na escola, é claro que eles não vão querer.”

Quanto as cantinas, a dica da nutricionista é dar preferência para os salgados assados e integrais, evitando frituras, folhados e doces. “Mas o ideal mesmo é levar algo de casa.”

Profissional da área de nutrição Francine Cagol diz que tem percebido uma maior preocupação dos pais em relação ao alimento que seus filhos consomem. “Muitos me procuram para realmente fazer uma reeducação alimentar nos filhos.”

Mas apesar de hoje a mídia disponibilizar muita informação, a maioria chega ao consultório com hábitos totalmente equivocados, pensando que estão fazendo o melhor. “Se tu quiseres informações verídicas na internet tens que buscar artigos científicos, mas o ideal é procurar um profissional da saúde para te ajudar, porque cada plano alimentar é relacionada para aquela pessoa.”

Para Francine é imprescindível que os pais estejam atentos ao sobrepeso e a má alimentação na infância, por serem estes portas de entrada para doenças cardiovasculares, hipertensão e diabetes. “Tem que ter o exemplo em casa. O que ela come na escola é o que consome em casa.”

Nas consultas, a nutricionista orienta os pais a barrarem o consumo de alimentos processados e embutidos, bem como doces como as bolachinhas recheadas. “Sei que uma bolachinha recheada é mais barata que duas maçãs, as pessoas acabam optando pelo que é mais fácil ou em conta. É difícil fazer com que entendam que a longo prazo vale a pena”, fala e acrescenta que “todo o tipo de doença que desencadeamos no futuro é decidido quando somos crianças, muito pouco é genético, o que mais prevalece são os hábitos alimentares”.

Prevenção para o futuro
Segundo Francine, mesmo em casos de pré-disposição genética a alimentação é a arma mais eficaz contra os problemas futuros. O bom é que a experiência revela à nutricionista que, se alguém da família está fazendo plano alimentar, geralmente os hábitos da família toda mudam. 

Quanto a dificuldade em fazer com que os pequenos experimentem sabores novos, Francine indica a paciência e persistência. “Têm estudos que dizem que se deve insistir oito a dez vezes para que o paladar da criança se acostume a um alimento.”

No caso de seus pacientes, a profissional costuma dar um mês para cada novo legume ou fruta incluído no cardápio da criança. E nada de esconder o alimento em meio a comida. “Gosto de mostrar para ela, mostrar que faz bem, trabalhar bem aquele alimento”, diz. Se for preciso utilizar técnicas, como montar carinhas alegres no prato, a família deve lançar mão destes artifícios.

Pais mais atentos
Na Escola de Educação Infantil Gente Miúda lanche saudável é norma da casa, lá não entram, por exemplo, os salgadinhos, as bolachas recheadas e refrigerantes. “Não há possibilidade de se trazer outro tipo de lanche”, diz a diretora e proprietária Maria Pinho da Silveira. 

A professora conta que esta preocupação sempre esteve nas diretrizes do seu educandário, criado há 23 anos. “Antes os pais tentavam burlar, mas acabavam tendo que cumprir a determinação, hoje percebo uma preocupação maior dos pais, estão mais conscientes”, diz a professora Maria.
A professora inclusive tem visto com alegria muitos pais que não querem mais que os filhos consumam açúcar antes dos dois anos. Também percebe que muitos evitam alimentos que contenham produtos transgênicos e se preocupam com a obesidade. “Tudo é cultural e o comportamento se adapta a cultura da época”, comenta.
Geralmente nas lancheiras dos alunos do Gente Miúda há uma fruta, um líquido e um cereal, como indicam os nutricionistas. Como na escola não há cozinha, a professora pede que tudo venha pronto de casa, até as frutas devem chegar descascadas e cortadas, se for o caso.
Na hora do lanche as professoras até permitem que os alunos troquem pequenas porções das gostosuras que trazem, o que geralmente acontece com as frutas. A intenção é saciar a curiosidade das crianças e quem sabe ajudá-las a diversificar a alimentação. “Não deixamos que eles troquem todo o lanche, mas acho interessante que os colegas possam ter a possibilidade de experimentar coisas novas”, diz Maria da Silveira.

Recomendações nutricionais
1) Opte por uma lancheira térmica, que mantém o lanche resfriado por determinado tempo conservando assim os alimentos, algumas opções de lancheira já possuem o gel inserido e você guarda a própria lancheira dobrada no freezer na noite anterior; caso você não tenha esta opção de lancheira, vale investir em gelinhos de gel a venda em farmácias e lojas de artigos esportivos .

2) Faça compras semanalmente e utilize sempre alimentos frescos;

3) Elabore um cardápio;

4) Inclua sempre que possível alimentos fonte de cálcio para atender às necessidades nutricionais;

5) Prepare o kit de lanche na véspera e armazene em local apropriado, isso facilita a rotina;

6) Sanduíches podem ser preparados no dia anterior e envolvidos em papel toalha, filme ou alumínio ou ainda colocados em potes plásticos (BPA Free) e armazenados em geladeira;

7) Faça o lanche conter pelo menos dois tipos de carboidratos sendo um deles uma porção de fruta e um cereal, um tipo de proteína e insira a fonte de gordura saudável (como castanhas) também que possível;

8) Inclua alimentos feitos em casa e busque alimentos industrializados saudáveis com menor teor de gorduras, açúcares, sódio, corantes e conservantes;

9) Se a criança ficar período integral na escola ou vai da escola diretamente para outras atividades muitas vezes são necessários mais de um lanche, é importante instruir a criança a consumir no primeiro lanche a opção perecível e deixar a opção que se conserva melhor para o segundo lanche;

10) E não esqueça de enviar sempre uma garrafa térmica com água mineral fresca.

Dicas do site http://www.formaes.com.br/