Direitos LGBTQIA+

No Dia da Visibilidade Trans, a importância da rede de saúde

Celebrada neste domingo, data é oportunidade de ressaltar conquistas, reforçar a luta por direitos e superar preconceitos

Carlos Queiroz - DP - Dia Nacional da Visibilidade Trans enfatiza a luta por reconhecimento, voz e respeito

Por Helena Schuster
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(Estagiária sob supervisão de Vinicius Peraça)


Reconhecimento, voz e respeito. Estas são algumas das demandas que marcam o Dia Nacional da Visibilidade Trans, celebrado neste domingo. Para além da permanente busca por direitos da comunidade transgênero, a data também é oportunidade de exaltar a diversidade, valorizar as conquistas e somar forças para seguir resistindo com orgulho e dignidade.

Em Pelotas, uma das conquistas da comunidade trans é o Ambulatório Multidisciplinar de Pessoas Trans do HE/UFPel, ou simplesmente Ambulatório Trans, que oferece atendimento especializado para acolher e orientar travestis, homens e mulheres trans. Algo que, diante do preconceito ainda existente na sociedade e até mesmo falta de locais e equipes especializadas em atender este público com atendimento adequado e seguro, mostra-se fundamental. Oferecido através do SUS, o espaço dispõe de especialidades como psicologia e endocrinologia e conta com cerca de cem pacientes vinculados. A síndica e estudante de gestão pública na UFPel, Sophia Prestes, 44, começou a transição há pouco mais de um ano com o auxílio do ambulatório. "Nós precisamos informar as pessoas que esse ambulatório existe, porque a transição é uma mudança perigosa e invasiva se for feita sem orientação médica", diz.

A estudante de Letras na UFPel e conselheira do Conselho Municipal dos Direitos e da Cidadania LGBTQIA+, Ana Nicoly Vasconcelos, 39, começou a utilizar hormônios ainda nova e, atualmente, é atendida pelo ambulatório. "Eu já fui muito hostilizada em diversos lugares, mas lá temos um suporte maravilhoso de profissionais que, desde a recepção, nos tratam com muito carinho e respeito, isso não existia antigamente", conta.

Para os mais jovens, como a estudante Lívia Tavares, 20, o espaço é uma oportunidade de reescrever a história do atendimento oferecido à comunidade trans na saúde pública. "Conheci [o serviço] através de um amigo que estava começando a transição e me indicou. Passei por psicóloga, médicos e deu tudo certo. Sempre fui muito bem recebida", conta. O estudante Sian dos Santos, 26, reforça a importância do suporte. "Lá a gente tem acompanhamento médico enquanto tomamos os hormônios e conseguimos fazer exames pelo SUS. É uma baita ajuda, principalmente para nossa comunidade, que é muito vulnerável."

O encaminhamento ao Ambulatório Trans, localizado no Centro de Epidemiologia Doutor Amilcar Gigante, na rua Marechal Deodoro, 1.160, pode ser realizado através de sete Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade: Fraget, Obelisco, CSU Areal, Vila Municipal, Cerrito Alegre, Z-3 e Porto.

Luta pela transição

Apesar do atendimento recebido no ambulatório, as usuárias contam que fazer a transição vai muito além do acolhimento e orientação. Uma das lutas da comunidade é por mais facilidade no acesso aos hormônios, que são parte importante do processo. Com valores altos e sem distribuição pelo SUS, muitas travestis e mulheres e homens trans acabam se automedicando, buscando alternativas clandestinas e botando a vida em risco. "As condições financeiras, o sonho de ver o corpo de acordo com o que a cabeça enxerga e outros fatores acabam levando as pessoas atrás do que é mais acessível", observa Nicoly.

Sophia e Nicoly recorreram à Justiça há mais de um ano para conseguir os hormônios gratuitamente, sem sucesso até o momento. No caso de Sophia, por exemplo, cada caixa custa mais de R$ 200. "A transição é importante porque faz a gente se sentir como realmente somos, e queremos que o poder público tenha um olhar mais humanitário para a gente", reivindica Sophia.

Entendendo a questão

São consideradas pessoas transgêneras aquelas que não se identificam com o sexo biológico que nasceram. Ou seja, não se trata de uma escolha, mas de uma condição que, segundo especialistas no tema, costuma se manifestar ainda na infância. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define tratar-se de uma "incongruência de gênero acentuada e persistente entre o gênero vivido pelo indivíduo e aquele atribuído em seu nascimento".

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