Saúde

O poder do própolis volta ao cenário científico

Mesmo com pesquisas realizadas desde os anos 80 em Pelotas, pesquisadores da Unesp lançam estudo relacionando a resina à melhora de pessoas com AIDS

Foto: Divulgação - Substância resinosa produzida pelas abelhas melíferas tem inúmeros benefícios para a saúde

Um estudo divulgado este mês por cientistas brasileiros do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista, em Botucatu (IBB-Unesp), revela que o própolis melhora o sistema imune de pessoas que vivem com o vírus HIV. A pesquisa é apontada como inédita. Mas em 9 de agosto de 1985, o pesquisador pelotense Roberto Antônio Veronez já anunciava ao Brasil a resina produzida pelas abelhas como elemento fundamental para a imunidade e para o tratamento de doenças como câncer e AIDS. A comprovação está nos vários artigos e reportagens publicadas ao longo desse tempo, inclusive no Diário Popular.

A descoberta atual aponta que a resina modula o sistema imunológico mesmo nos infectados por um vírus cujos alvos são justamente as células de defesa do organismo. O coordenador da pesquisa, José Maurício Sforcin, revela que há tempos o própolis é um poderoso anti-inflamatório e tem também ação antioxidante, no entanto, garante que essa é a primeira vez que se mostra como auxílio a quem vive com o HIV. Mas o assunto já estava em pauta em 1987, através do reconhecimento dos artigos de Veronez pelo Ministério da Saúde. Quase na virada do século, o bioquímico da Faculdade de Engenharia da Alimentação da Unicamp, Yong Kun Park, revelava, através de pesquisa divulgada no Brasil, Japão e EUA, que a resina produzida pela abelha podia impedir o crescimento de células cancerígenas.

Em 2008, no artigo científico: Imunomodulação pela própolis, do Laboratório de Virologia e Imunologia da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), mostrou ainda que uma substância resinosa produzida pelas abelhas melíferas, a partir de estudos coletados em diferentes partes das plantas, era utilizada há séculos na medicina popular devido às suas propriedades terapêuticas, que além de ser anti inflamatória e antioxidante, também se apresenta como antitumoral e imunomoduladora. Um dos pesquisadores é o professor Geferson Fischer, que para Veronez é um dos mais engajados na potencialidade benéfica do própolis. "Ele [Fischer] sistematizou o conhecimento do própolis, que tínhamos até então de uma forma um pouco empírica, mas não menos científica, que usada na produção de vacinas tem o dobro da eficácia. Um dos apontamentos é que a resina aumenta a expressão do fator de necrose tumoral alfa. Além disso, a substância é capaz de destruir células tumorais", conta o pesquisador.

Ainda sobre a pesquisa atual, pacientes que vivem com o vírus HIV e ingeriram 500 miligramas (mg) diários de própolis, resultaram em uma redução significativa na concentração de um marcador de estresse oxidativo. Nesse mesmo grupo foi observado um ligeiro aumento na capacidade antioxidante total, refletindo no combate aos radicais livres.

Divulgação do bem
Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Veronez, que está envolvido com o própolis há pelo menos 47 anos, não quer levantar polêmica em relação às pesquisas, apenas esclarecer que elas existem há anos. Com a marca Veromed, transita entre Porto Alegre e Florianópolis e agora está empenhado em concluir três livros solicitados pela Editora Sulina, entre eles, um publicado em Pelotas, em 1988: Crítica Científico-filosófica da Medicina Contemporânea, lançado pela UFPel. "Temos que levar adiante a importância do própolis", declara. Um exemplo, segundo o pesquisador, é que na época da pandemia a venda do produto aumentou em 700% e a utilização do mesmo em pacientes com Covid-19 reduziu pela metade o número de internados em UTI, além de não apresentarem lesão renal.

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