Dia dos Pais
Quando o exemplo paterno se reflete na profissão
Neste Dia dos Pais, o DP conta a história de pais e filhos que, para além da relação familiar, também dividem a mesma carreira
- Guilherme Stumm segue os passos do pai, Iango Stumm, como educador físico
Um velho ditado popular diz que "filho de peixe, peixinho é". Nem sempre esta máxima é ser verdadeira, mas não se pode dizer que são raros os casos em que o exemplo paterno vai além dos ensinamentos de vida e vira, também, inspiração profissional. É por isso que, neste final de semana de Dia dos Pais, o Diário Popular conta histórias de filhos que, além de dividirem os laços familiares, também compartilham com os pais a profissão que escolheram seguir.
Educador físico e treinador de vôlei, o professor Ingo Stumm, 55, viveu neste ano um fato inédito nos mais de 30 anos de carreira. À frente de uma equipe escolar, durante os Jogos Escolares de Pelotas (Jepel), teve como adversário um time comandado pelo filho Guilherme, 23, prestes a se formar em Educação Física. Desde o ano passado, Guilherme começou a trilhar o caminho do pai e o encontro nas quadras era esperado. "Estava muito ansioso para jogar com o pai. Queria muito ganhar dele, até para mostrar que estou fazendo a mesma coisa e bem feita. Foi muito emocionante", conta.
A vitória realmente ficou com o time de Guilherme, mas a felicidade foi de ambos. "Já tinha avisado que não ia facilitar e aí ele veio forte mesmo. Não tem como ficar triste. Fiquei feliz de vê-lo ali do outro lado, na mesma posição que eu, vibrando a cada ponto", relembra Ingo.
Para Guilherme, seguir os passos do pai sempre foi uma certeza. "Sempre foi minha primeira escolha por causa do pai, mas ele nunca me disse para seguir a carreira dele. Foi pelo exemplo." Ingo também é pai de outros dois filhos: Geovana e Augusto. A mais velha, que também jogava vôlei, hoje é médica veterinária. O mais novo, de sete anos, diz que quer ser professor de vôlei como o pai. Independentemente da profissão de cada um, Guilherme garante que o maior orgulho do trio é ter um paizão para se inspirar. "Desde pequenos éramos conhecidos por 'filhos do Ingo' e isso sempre foi motivo de alegria porque o pai é uma inspiração, um exemplo."
Quando a história se repete
Para a família Nogueira, dar aula não foi a primeira escolha. Nem do pai, José Carlos, 73, nem da filha, Tatiane, 38. No entanto, o campus Pelotas do IFSul acabou se tornando a segunda casa de ambos. "Não pensava em ser professora. Sempre tive a referência em casa e admirava muito a profissão, mas nunca achei que fosse para mim", revela a arquiteta. Já José Carlos conta que estava trabalhando em São Paulo quando recebeu o convite para a docência e só aceitou por conta dos pais. "Não era planejado, mas passou a primeira semana e eu sabia que não sairia mais", relembra. No IFSul, foram 46 anos de dedicação, período em que lecionou nos cursos de Eletrônica e Telecomunicações e também foi diretor-geral.
Já Tatiane estava trabalhando como arquiteta em Porto Alegre quando surgiu o concurso que, incentivada pelos pais, fez apenas para experimentar. A mãe dela, e esposa de longa data de José, também era professora da instituição. "Andei aqui ainda criança pelos corredores. Faz parte da vida da nossa família, mas não esperava voltar como professora. O tempo passa e, hoje em dia, quando me perguntam minha profissão, não respondo mais que sou arquiteta, respondo que sou professora." Desde 2012, Tatiane leciona no curso de Edificações e acumula mais de dez anos dedicados à mesma profissão e instituição dos pais. "Como meu pai era diretor na época que fui nomeada, ele me recebeu no gabinete. Foi engraçado porque tinha um monte de servidores tomando posse e eu passando pelos protocolos para 'conhecer' o diretor", relembra.
Pai de três filhas, José conta que vê um pouco da profissão também na tarefa paterna. "Acho que as duas coisas correm parelho. Como professor, tem coisas que a gente faz como se fosse pai", observa. Na vida, a filha também vê o exemplo de pai se misturar com o exemplo de professor. "Ele gosta de construir na conversa, faz a gente se colocar no lugar do outro. São coisas que formam um filho e um aluno."
O que é ser pai?
A resposta até pode variar, mas o tamanho do amor não. Em um dos braços, Ingo carrega, entre duas flechas, uma tatuagem com o nome dos três filhos. "Tem um salmo que diz que os filhos são como flechas na mão do guerreiro, que têm que ir mais longe de onde saíram", explica. "Ser pai se resume em duas palavras: responsabilidade e alegria. É uma responsabilidade boa, que me enche de orgulho e de alegria por cada retorno que vem deles."
José, que também já é avô de quatro netos, reflete que a paternidade é uma oportunidade única de se tornar melhor e, consequentemente, transformar a sociedade. "Ser pai te proporciona uma reflexão de conduta. Como pessoa, como profissional, na sociedade como um todo. Ser pai te proporciona um aperfeiçoamento pessoal, te faz uma pessoa melhor. É ter uma conduta para que, realmente, teus filhos sejam pessoas justas e idôneas, para que se sintam alegres e felizes."
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