Saúde

Os desafios da tecnologia na saúde básica

Tese de doutorado avalia a aplicação da tecnologia na saúde

Foto: Lucas Kurz - DP - Janaina levantou dados de 2012 a 2018 para fazer levantamento

Por Lucas Kurz
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Uma tese de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) fez um estudo, a nível nacional, avaliando a disponibilidade e o uso das tecnologias de informação e comunicação na atenção primária à saúde do Brasil. A conclusão é que a região Sul é destaque, com 35,8% de disponibilidade do equipamento. Ainda assim, muitos fatores ainda dificultam um acesso amplo e qualificado, como a sobrecarga de trabalhadores e a falta de equidade e qualidade neste acesso.

A autora da tese, Janaína Bender, utilizou dados do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB). Usando dados de 2012, 2014 e 2018, ela analisou a evolução da disponibilidade das tecnologias, chegando à conclusão de que, no Brasil, nem metade das Unidades Básicas de Saúde (UBS) contam com computador, câmera, televisão e acesso à internet. A análise, por região, trouxe uma divisão em etapas. Na disponibilidade, ela contou ao Diário Popular que o conjunto de equipamentos passíveis de uso estava em poucas UBSs. Já a aplicabilidade, voltada ao uso, olhadas frente à prática clínica, obteve mais destaque. “A região Sul do Brasil apresentou bastante retorno, ainda abaixo do esperado, mas foi a que mais apresentou retorno.”

A pesquisadora explicou que o uso das tecnologias para apoio à prática clínica e educação permanente conta com aumento do uso para fins de telessaúde. Neste caso, 77,3% da região Sul utilizou plataformas como a comunicação como o 0800 e versões digitais do Ministério da Saúde, contra 45% do restante do País. Na telessaúde, ela diz que até comunicação informal, como WhatsApp, foi considerada.

A pesquisadora traçou um paralelo com Portugal, concluindo que ainda há grande fragmentação no Brasil. A questão acaba passando por atualização dos sistemas, falta de qualidade nos aparelhos disponibilizados e até a qualificação profissional. No entanto, a partificação de sistemas, sem interligação, podem afetar a qualificação desse atendimento. Mesmo com e-sus obrigatório, alguns estados ou municípios têm sistemas próprios, que afetam a qualificação.

Dificuldades dos profissionais
Sem dados interligados, muitas vezes os profissionais acabam sobrecarregados: ter que fazer o preenchimento em diversas plataformas impacta o fluxo de trabalho do dia. Outro fator é a falta de capacitação para os profissionais lidarem com estes sistemas, já que não é algo tratado durante a vida acadêmica. “Tu sai da universidade e dá de cara com um sistema que nunca viu, aí tem que esperar um profissional que já está ali há um tempo (...) então há uma certa resistência com o uso dessas tecnologias”. Segundo Janaína, a qualificação de profissionais já atuantes e a inserção desses fatores nos currículos escolares seria uma saída.

Na opinião da pesquisadora, ainda falta investimento e um olhar focado. “A atenção primária em saúde é a porta de entrada do sistema”, explica. Ela diz que o investimento em tecnologia precisa ser atrelado à qualificação dos recursos humanos, pois tudo isso, somado, gera qualidade na política pública. “As pessoas têm essa relação de que usar o computador é menos um profissional, mas às vezes não. Existe a questão burocrática e a questão assistencial.”

Situação em Pelotas
Como o estudo é regionalizado, a percepção de Pelotas foi feita através do diálogo com os profissionais sobre os sistemas. “A função do acesso à internet eles reclamam, porque muitas vezes oscila dependendo do lugar, como na Colônia, região das praias…” Com isso, o preenchimento fica dificultado, bem como, muitas vezes, a falta de conhecimento de profissionais da saúde para atualizar as plataformas digitais.

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