Manifestações
Pelotas e Rio Grande registraram bloqueios no primeiro dia de greve dos caminhoneiros
Motoristas reinvidicam baixa no preço dos combustíveis e melhores condições de trabalho
Carlos Queiroz -
Atualiza nesta quarta-feira
Programada por caminhoneiros de todo o Brasil desde que o governo federal anunciou o aumento no preço dos combustíveis, a paralisação geral da categoria se iniciou na terça-feira (1º) com engajamento parcial na Zona Sul do Estado. Das quatro cidades em que havia possibilidade de protestos, somente duas mantiveram a mobilização e contaram com barreiras para impedir a circulação de veículos de carga: Pelotas e Rio Grande. As rodovias não registraram alterações no tráfego em Canguçu e São Lourenço do Sul.
Em Rio Grande a mobilização começou ainda na madrugada. Transportadores autônomos bloquearam o acesso ao Porto, impedindo a entrada e a saída de veículos. Pela manhã, após a chegada da Guarda Portuária, algumas cargas conseguiram deixar o local, mas a intervenção continuou com os manifestantes abordando os caminhoneiros também na rótula da Avenida Portuária, em frente ao Terminal de Contêineres (Tecon) e na entrada da Via 1. Segundo o Sindicato dos Transportadores Autônomos de Bens de Rio Grande (Sindicam), ao longo do dia mais de mil caminhões ficaram parados.
Já em Pelotas a manifestação começou bem depois do horário previsto. Enquanto a ideia que vinha sendo defendida por trabalhadores em grupos de mobilização e até mesmo em entrevistas era de iniciar o protesto às 6h, foi somente após as 9h que os primeiros caminhões começaram a se acumular no quilômetro 66 da BR-392, próximo ao Posto Coqueiro. Com queima de pneus no acostamento e abordando os veículos no meio da pista, um grupo de manifestantes passou a impedir os motoristas de seguir viagem. “Esperávamos que o pessoal se conscientizasse e aderisse na boa. Como isso não aconteceu, viemos para a pista conversar com os colegas e pedir que se juntem a essa mobilização. Não dá mais para trabalhar sem termos uma tabela de frete mínimo e pagando esse absurdo pelo diesel”, comentou o caminhoneiro Carlos, logo após colocar mais alguns pneus na fogueira.
Alguns condutores tentaram driblar a barreira entrando em Pelotas, mas logo foram barrados por grupos que passaram a abordar também nos acessos secundários à área urbana.
Em Canguçu, onde não foram realizadas manifestações, poucos motoristas circularam pela BR-392. “Achei melhor ficar por aqui mesmo, esperando para ver se não vai ter confusão. Da outra vez que teve bloqueio levei uma pedrada”, disse Noedi Gentz, 64, estacionado em um posto de combustíveis na Vila Fonseca.
De acordo com a Ecosul, empresa que administra as rodovias da região, houve redução no tráfego de caminhões pelas estradas durante todo o dia. No entanto, ainda não é possível fazer um balanço do impacto da greve na circulação de veículos. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) circulou pelas estradas e monitorou a movimentação de motoristas e manifestantes. Nenhum incidente foi registrado até o fechamento desta edição.
Custo alto, lucro baixo
Entre todos os caminhoneiros abordados durante a paralisação de ontem, a reclamação que mais se repetiu foi o baixo preço pago pelo frete. Mesmo entre aqueles que não gostaram de ter sua viagem interrompida pela manifestação, o sentimento era de que a pauta de reivindicações que levou a categoria a parar é justa.
Desavisado, Eugênio Oliveira, 53, disse que não sabia da greve e foi surpreendido quando estava a caminho de Rio Grande para descarregar combustíveis trazidos da refinaria de Canoas. Apesar de não ter prejuízo direto com a parada, já que é funcionário da transportadora e recebe salário fixo, fez questão de reforçar o coro contra o aumento de PIS/Cofins que elevou o preço do litro do diesel em média R$ 0,21 nos últimos dias. “Fui dono de caminhão e vendi porque não aguentei trabalhar por conta. É muito custo e, colocando no papel, nada de lucro”, lamenta.
Mesmo que favorável à paralisação do transporte de carga para chamar a atenção das autoridades, Rodrigo Brack, 38, não gostou da forma como foi interpelado pelo organizadores do bloqueio em Pelotas. “Apoio e sou contra ao mesmo tempo. Sei que precisamos parar para sermos ouvidos. O problema é que alguns abordam com ameaças de que se não pararmos aqui, seremos apedrejados logo adiante”, disse o caminhoneiro de Erechim.
Pelo RS
Além de Pelotas e Rio Grande, a mobilização de caminhoneiros também provocou bloqueios em outras regiões do Estado. No Centro-Sul, em Cristal, houve ato no quilômetro 427 da BR-116.
Nas Missões, manifestantes bloquearam a passagem de veículos de carga no quilômetro 567 da BR-285. Em Ijuí também houve protesto no cruzamento da mesma rodovia com a ERS-342. Já no Norte, Palmeira das Missões, Carazinho e Soledade tiveram protestos na ERS-569 e nas BRs 468 e 285.
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