O Ministério da Saúde divulgou nesta terça-feira (2) a informação de que a vacina do Papiloma Vírus Humano (HPV), que previne o câncer de colo de útero e outras doenças, agora está disponível em dose única. Com isso, pessoas que já receberam uma dose da vacina estão completamente protegidas. Em Pelotas, a imunização de meninas e meninos de 9 a 14 anos nas escolas já está sendo programada pela Prefeitura, que aguarda recomendações para aderir ao esquema de dose única.

A tradicional campanha de vacinação nas escolas ainda não iniciou no Município. "As Unidades Básicas de Saúde (UBSs) estão fazendo contato com as escolas e programando a vacinação de HPV", explica a diretora de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Aline Machado. Ela diz que, nesta semana, está prevista uma reunião com a Secretaria Estadual de Saúde (SES) para orientar os Municípios a respeito de como irá funcionar a vacinação.

Sobre Pelotas também aderir ao esquema de dose única, Aline esclarece que a atualização das recomendações de vacinação foi recente, mas que a SMS sempre segue os protocolos e as orientações do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Conforme ela ressalta, a procura se mantém a mesma e o grande foco é conseguir ir até o público-alvo. "A vacinação está sendo programada para atingir o maior número de adolescentes possível, ou seja, in loco, nas escolas. As equipes já estão se articulando com a comunidade escolar".

Importância da imunização

Considerada uma das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) mais comuns em todo o mundo, o HPV é responsável por 99% dos casos de câncer de colo uterino que, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), é o tumor maligno mais frequente entre as mulheres do Brasil. "Também está diretamente relacionado a diversos outros tipos de câncer como o de vulva, pênis, anal e de orofaringe", explica a médica Ginecologista e Obstetra Graziele Vellar da Rosa.

De acordo com ela, a transmissão acontece principalmente através de relações sexuais desprotegidas mas, também, pelo contato de pele e mucosas infectadas. "Estima-se que 80% da população sexualmente ativa será infectada pelo HPV em algum momento da vida, mas isso não indica que toda infecção se tornará câncer", pontua.

A vacina quadrivalente, disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), protege contra quatro tipos de vírus. Já a rede privada tem disponível a vacina nonavalente que protege contra mais cinco. "Vacinando meninos e meninas, entre nove e 14 anos, conseguimos interromper a cadeia de transmissão do vírus, vislumbrando a redução dos tumores, não só malignos, como benignos".

Segundo Graziele, a faixa etária foi instituída pela eficácia da vacina se aplicada antes do início da vida sexual. Entretanto, mesmo passando da idade, é recomendado fazer. "Estudos comprovam que mesmo após os 14 anos, contato sexual e até mesmo contato com o vírus, há benefício na realização da vacina. Pacientes que já apresentaram lesões ou que possuem lesões ativas podem apresentar regressão das mesmas, menor número de recidivas e, se essas surgirem, terem menor agressividade".

Dose única

A recomendação anunciada pelo Ministério da Saúde abrange o público específico de crianças e adolescentes de nove a 14 anos. Imunossuprimidos e vítimas de violência sexual, que também podem receber a vacina na rede pública, continuarão com o esquema anterior de até três doses.

A ginecologista destaca que a mudança implica na diminuição dos custos do imunizante, além de promover maior alcance e adesão ao calendário vacinal pelos usuários. "Aumento da cobertura vacinal da população em geral, com semelhante porcentagem de proteção contra cânceres atribuídos ao HPV, além da aceleração da erradicação do câncer de colo no Brasil".