Integração infantil
Pelotense é a primeira brasileira a participar do Acampamento Mundial de Crianças Surdas
Encontro é promovido a cada quatro anos para integrar a comunidade surda de diversos países
Jô Folha -
Uma pelotense é a primeira brasileira a participar do Acampamento Mundial de Surdos na categoria infantil. Fiorella Cantarelli, de sete anos de idade, está em Colônia do Sacramento, no Uruguai, para a integração com outras 22 crianças de diversos países. No Brasil, apesar de haver iniciativas de encontros entre jovens e adultos da comunidade surda, não há nenhuma voltada para a socialização infantil.
Em Pelotas, a mãe Francielle, 34, conta com alegria e orgulho sobre a participação de Fiorella no 5º Acampamento de Crianças da Federação Mundial de Surdos - 5º WFDYS Children's Camp 2022. Apesar da saudade devido aos sete dias longe, o período do encontro é de 1º a 7 de outubro, a professora de Libras da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) diz que a troca de experiências e o desenvolvimento de atividades com outras crianças será muito importante para Fiorella.
Sendo também uma pessoa surda, Francielle sempre foi ativa na comunidade. Desde jovem participa de associações como a Coordenadoria Nacional de Jovens Surdos (CNJS) e a Federação Nacional de Interação e Educação de Surdos (Feneis). Foi justamente através das organizações que ela soube do acampamento. "Aí pensei que seria uma ótima oportunidade para a Fiorella, porque é um local onde ela pode encontrar crianças surdas do mundo inteiro", comenta.
O acampamento promovido pela World Federation of the Deaf (WFDYS), órgão mundial representativo dos surdos, tem três categorias: infantil, jovem e adulto. O encontro ocorre a cada quatro anos. Cada edição em um país distinto. Para sediar o acampamento, o país precisa comunicar seu interesse por meio de uma inscrição. Neste ano, participam 22 crianças de dez países: Canadá, Itália, Chile, Argentina, Austrália, Suécia, Finlândia, Espanha, Uruguai e Brasil.
Conforme descreve a Federação, o acampamento é uma ocasião em que as crianças têm a oportunidade, desde cedo, de compartilhar momentos, brincadeiras, entusiasmo e aprendizados que as ajude a se inserir em um mundo com a linguagem, que é a ferramenta para fortalecer suas identidades, e fazer parte de uma cultura onde as pessoas com seus próprios direitos sentirão plenamente: o Mundo Surdo e a Língua de Sinais.
Proximidade da comunidade surda na infância
De acordo com Francielle faltam espaços acessíveis de convivência para as crianças surdas. Apesar da educação de surdos ainda estar em desenvolvimento no país, iniciativas como acampamento precisam ser difundidas por serem espaços onde as crianças que têm a mesma identidade possam se encontrar e interagir. A professora ressalta o fato de que mesmo o acampamento existindo há 16 anos é a primeira vez que uma brasileira participa na categoria infantil.
"Parece que o Brasil não valoriza esses movimentos e espaços disponibilizados. Eu espero que essa iniciativa da Fiorella ir seja reconhecida e acarrete na participação de outras crianças", afirma. Para a menina participar, Francielle arcou com todos os custos de inscrição e viagem. Por isso, ela ressalta a necessidade de políticas públicas voltadas à acessibilidade da comunidade infantil a essas iniciativas. As organizações Feneis e CNJS realizam anualmente encontros entre a comunidade jovem e adulta, entretanto, ainda não há atividades voltadas ao público infantil. "Essa troca de conhecimento é muito importante para eles. É um processo de empoderamento da comunidade surda. As crianças brasileiras precisam disso", conclui Francielle.
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