História

Pracinha revisita a emoção do fim da 2ª Guerra

João Pereira da Silva, 93, participou da solenidade cívico-militar para marcar o Dia da Vitória

A primavera italiana aliviava o frio europeu que castigava os pracinhas brasileiros, acostumados ao clima ameno da terra natal, quando em 8 de maio de 1945 confirmou-se a notícia de que os alemães haviam assinado o documento de capitulação. A rendição do exército nazista e a vitória dos Aliados sobre o Eixo foram o fim do maior conflito armado da história da humanidade. E o recomeço de vida para 25 mil combatentes brasileiros enviados à Europa. Dentre eles, um pelotense: João Pereira da Silva.

Aos 93 anos, o segundo-tenente reformado do Exército pôde reviver essa emoção no fim da tarde desta segunda-feira (8), durante a celebração ocorrida na Cruz da Vitória. Junto ao monumento no parque Dom Antônio Zattera, centro de Pelotas, em frente ao Asilo de Mendigos, depositou uma corbélia de flores em homenagem aos brasileiros que serviram à Força Expedicionária Brasileira (FEB).

Com voz calma e olhar compenetrado, o pracinha que viajou 28 dias de navio até a Europa em 1942 lembra em detalhes do dia em que a Segunda Guerra Mundial terminou e soube que o retorno para Pelotas seria uma questão de tempo após quase quatro anos de batalhas. “Estávamos em Veneza quando o porta-voz do general Mascarenhas de Moraes trouxe a notícia. Ficamos radiantes pelo fim do conflito”, conta. A expectativa era pela volta ao Brasil, deixando para trás a guerra que havia tirado a vida de 70 milhões de pessoas. Inclusive amigos. “Na tomada de Monte Castelo, 38 soldados do nosso contingente foram mortos. Perdi amigos na batalha.”

Na chegada ao Brasil, em agosto de 1945, João recorda do orgulho pelos serviços prestados. Naquele ano, percorreu as ruas de Pelotas ao lado de autoridades e inaugurou a Cruz da Vitória, no parque Dom Antônio Zattera. Um símbolo do sucesso das Forças Aliadas sobre o Eixo, sobretudo a Alemanha nazista. “Lembro como se fosse hoje das pessoas nas janelas das casas com panos e bandeiras brancas saudando o fim da guerra e a participação da FEB”, diz o pracinha.

Pois foi neste monumento que, nesta segunda, o voluntário que se orgulha de ser um dos poucos a servir ao Exército, à Marinha e à Aeronáutica mais uma vez homenageou seus companheiros de luta. Combatentes que, como ele, atravessaram um oceano para defender um ideal. “Felizmente estou aqui, firme e forte, para contar tudo isso. Para muitos é só história, mas para mim é uma história de vida”, conclui, apontando para as medalhas que carrega sempre no peito.

Os pracinhas brasileiros
Formada durante o governo de Getúlio Vargas, a FEB era composta de oficiais e também de muitos voluntários alistados para combater o nazismo e o fascismo na Europa. Em grande parte jovens, pobres e sem qualquer formação militar, os brasileiros enviados à Itália durante a Segunda Guerra foram apelidados de pracinhas devido à forma como são chamados na hierarquia militar as tropas sem graduação e os suboficiais: os praças.

Durante a guerra, eram subordinados ao 4º Corpo do 5º Exército dos Estados Unidos e tinham a missão de combater os avanços das tropas alemãs em direção à França. A maior conquista da FEB se deu em 21 de fevereiro de 1945, quando após três meses de tentativas frustradas dos países Aliados foi tomado o Monte Castelo, no norte da Itália, reduto dominado pelos alemães.

Dos 25.334 pracinhas que deixaram o Brasil em direção à Europa, 280 saíram de Pelotas, Rio Grande e outras cidades do interior do Rio Grande do Sul. Do efetivo brasileiro, 443 morreram em combate.

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