Saúde

Quase um terço das mães pelotenses é fumante, mostra pesquisa

Entre as gestantes, o risco do fumo é ainda maior, pois não só a saúde da gestante é prejudicada, mas também a do bebê

Ao verificar a incidência do tabagismo entre as jovens mães e gestantes de Pelotas, a médica pneumologista e mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde e Comportamento (PPGSC) da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Raquel Janelli, descobriu um dado impressionante: 28% do público estudado é fumante. Raquel voltou-se ao tema para entender a razão pela qual essas mulheres fumam e por que não conseguem deixar o vício. A informação é da assessoria de imprensa da UCPel. 
Com o título Prevalência de tabagismo em mulheres jovens que foram mães na adolescência na cidade de Pelotas, o estudo teve como base uma amostra de 516 jovens mães, com idades entre 15 e 23 anos. A prevalência do tabagismo pode depender da idade, escolaridade e renda. A experimentação do cigarro geralmente começa na adolescência, sendo que aproximadamente 76% das mulheres fumam pela primeira vez antes dos 19 anos.
Segundo Raquel, que também é professora do curso de Medicina, a iniciação do fumo tem a ver com o contexto familiar. “A mãe, família e colegas influenciam muito nas atitudes dessas adolescentes, inclusive para o fumo. A personalidade de um adolescente ainda está em formação, então ele é mais influenciável”, alerta.
Mito
Entre as gestantes, o risco do fumo é ainda maior, pois não só a saúde da gestante é prejudicada, mas também a do bebê. “Muitas jovens fumam durante a gestação pelo mito de que o fumo pode diminuir as dores do parto e pelo controle de ganho de peso”, aponta. Além disso, jovens mães podem apresentar mais motivações para fumar devido ao estresse e à possibilidade de pré-disposição à depressão e transtornos de ansiedade. “Esses fatores são pouco conhecidos pela população. A prevalência do fumo pode estar relacionada a transtornos psiquiátricos, e através desse estudo quero abrir portas para o planejamento de ações preventivas contra o tabaco”, adianta Raquel.
Durante a coleta de dados, as jovens mães responderam questionários sócio-demográfico e sobre o possível uso de drogas lícitas e ilícitas, além de serem submetidas a métodos para estabelecer um diagnóstico psiquiátrico, quando foi avaliada a possibilidade do transtorno depressivo maior, risco de suicídio, transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e os transtornos de ansiedade.
Fatores preponderantes
# Das 516 entrevistadas, 138 declararam que fumam. Ou seja, o tabagismo estava presente em 27,9% das jovens mães em Pelotas.
# O resultado é semelhante com ao da coorte de 1982 realizada na cidade, porém superior à prevalência em outras populações no Brasil e no mundo.
# A grande maioria, 86,2%, das jovens mães que fumavam tinham entre 19 e 23 anos.
# A renda familiar de 41,3% oscilava entre um e dois salários mínimos e 64,1% pertencem à classe C.
# Quanto à escolaridade, 53,3% possuíam entre o Ensino Fundamental Completo ou Médio Incompleto.
# Ainda no subgrupo de fumantes, 34,8% apresentavam grau de dependência de moderado a alto e 99,3% dessas jovens viviam com outros fumantes em suas casas.
# Em relação aos distúrbios psiquiátricos, foi identificada uma incidência maior de depressão, risco de suicídio, e outros transtornos de ansiedade entre as mães que fumam.
# Foi verificado que quanto maior o estado de fragilidade psicológica e social, maior a prevalência de tabagismo entre as jovens mães.
Saiba
O cigarro mata mais de seis milhões de pessoas por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e é a principal causa de morte evitável.

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