Por Helena Schuster
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(Estagiária sob supervisão de Vinicius Peraça)

Nesta sexta-feira (17), quem passou pelo Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE/UFPel) se deparou com a indignação das residentes em Ginecologia e Obstetrícia da instituição, que já haviam anunciado a paralisação de suas atividades na quinta-feira. Com faixas pedindo a manutenção do atendimento materno-infantil, o grupo de médicas parou o trânsito e protestou contra as recentes discussões que cogitam transferir o pronto-atendimento obstétrico da instituição.

Em nota oficial, o HE explica que, diante da crise da falta de anestesistas enfrentada há meses, a transferência do serviço para outro hospital possibilitaria uma otimização de profissionais para realização de cirurgias, principalmente de casos oncológicos. O texto afirma, ainda, que a realização de partos, o número de leitos obstétricos, os atendimentos ambulatoriais de pré-natal (consultas e exames) e a UTI Neonatal não seriam afetados.

A solução, no entanto, é contestada pelas residentes. Atualmente, o quadro de anestesistas do HE conta com oito profissionais, sendo que um deles está em afastamento prolongado. O quantitativo é suficiente para manter uma sala cirúrgica em funcionamento. Enquanto o hospital argumenta que a transferência do pronto-atendimento otimizaria a utilização da sala e facilitaria a marcação de cirurgias, as residentes contrapõem que, com a continuidade da maternidade e da realização de partos, continuaria sendo necessário dispor de anestesista e bloco cirúrgico.

Capacidade de atendimento

Outra preocupação do grupo é a capacidade do Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP-UCPel), que concentraria o pronto-atendimento e o direcionamento das gestantes, em absorver essa demanda. "As duas maternidades juntas conseguem fechar uns 60 leitos, sendo que o nosso alto risco é um pouco mais complexo. Fica impossível o HU prestar assistência para toda nossa região", avalia uma das médicas.

A nota da instituição afirma, ainda, que o HE está realizando discussões sobre a transferência junto à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e hospitais de Pelotas, com a participação do Ministério Público Estadual. Um dos trechos diz que "as mudanças apenas ocorrerão após a pactuação completa dos fluxos, que serão amplamente divulgados para a população".

O que diz a Prefeitura

A secretária de saúde, Roberta Paganini, diz que a SMS está acompanhando a situação dos anestesistas do HE junto à direção da instituição e demais hospitais, fazendo as articulações necessárias para que a rede siga funcionando sem prejuízo à população. "A Secretaria mantém reuniões com a direção do HE e do HUSFP e ontem [quinta] tivemos, inclusive, uma reunião com Ministério Público para dar celeridade às tratativas, sempre buscando a garantia do serviço."

Busca por anestesistas continua

O Hospital Escola também informou que segue adotando medidas para buscar a contratação de anestesistas. Uma delas é o processo seletivo público simplificado, reaberto na sexta-feira e que oferece cinco vagas na área de anestesiologia. As inscrições podem ser feitas a partir da próxima segunda-feira (20) até o dia 7 de março. A divulgação do resultado final deve ocorrer em 15 de março. A ficha de inscrição e os editais estão disponíveis no site do HE.

Além da reabertura do processo seletivo simplificado, também foi estendido o prazo para inscrições na licitação que visa contratar empresa de anestesiologia. A licitação via pregão eletrônico prevê a contratação do serviço por um ano, que pode ser prorrogado em até 60 meses. A abertura da sessão pública será no dia 13 de março. Informações e inscrições também podem ser acessadas no site do hospital.