Comercio
Semana Santa movimenta bancas de peixe em Pelotas
Consumidores consideram preços dos pescados altos, mas não deixam de manter a tradição cristã na Sexta-feira Santa
Foto: Jô Folha - Camarão tem bastante procura
Não eram nem 9h de quarta-feira e o movimento no Mercado Público Central já era intenso. Consumidores à procura do pescado preferido e com o melhor preço, vendedores querendo chamar a atenção para a sua banca. O anúncio é de que o peixe é fresquinho. Em algumas peixarias, filas para atendimento. Para quem é do setor, a semana está sendo “santa”, com vendas superando as expectativas.
Filé de anjo, cação, jundiá, tainha, traíra, bagre, filé de pescado, linguado, posta de corvina, salmão e muito camarão. Tem peixe para todos os gostos e condições financeiras. O valor não chega a ser tabelado, mas não se diferencia muito de uma banca para outra. O que vale mesmo é o gosto do freguês e o que pode pagar. Roberto Buriol, 68, prefere filé e aba de anjo, para o preparo frito e ensopado. O quilo custa em média R$ 37, valor que faz o aposentado fazer cálculos de cabeça. “Em comparação ao ano passado imagino que tenha aumentado uns 15%.” Já a reportagem apurou que em 2022, o quilo do anjo e do cação custava em média R$ 28,00, o que representa um acréscimo de 32%.
Para a aposentada Fátima Matias, 70, dizer que o pescado está caro não vai adiantar, pois ela costuma comprar sempre nesta época do ano para preparar o tradicional peixe à milanesa e camarão com arroz. “Mesmo assim eu pesquiso, indo de banca em banca à procura do cação seco.” Embora esses pescados tenham sido os mais citados, quem está do outro lado da banca diz que o preferido da semana é a tainha. Uma de tamanho médio custa em torno de R$ 18,50 o quilo. Já o camarão, entre o mediano e o graúdo limpo, varia de R$ 43 a R$ 59. “Essa semana o movimento melhorou muito, Vai dar uma boa aquecida nas vendas”, comemora Cláudio Luiz da Silva, 45, sócio de uma banca de peixe.
Quem divide a mesma opinião é a empresária Clarisse Fonseca, 55. Na peixaria que está há mais de 50 anos no Mercado Público e vem passando de geração a geração. “Nem se compara aos anos de pandemia, quando o consumidor não podia entrar. Está muito bom o movimento, principalmente a venda de camarão, que é o mais pedido.” Entre tantas variedades, espécies que não são da região, como o salmão, custa em média R$ 129,90 o quilo do filé. Mesmo assim, não deixa de ser comercializado. Já o bacalhau não foi visto pelo mercado e, segundo um vendedor, está em falta.
Qualidade
De olho na qualidade, uma equipe da Fiscalização da Vigilância Sanitária estava presente ontem no Mercado conferindo a temperatura do freezer, uma vez que há muitos congelados. No caso dos peixes frescos, se olha a cor dos olhos, a limpeza da banca e o uso do uniforme. “Até o momento está tudo em ordem por aqui”, garantiu a equipe.
Para descentralizar as vendas, a 10ª Feira Municipal do Peixe, com 41 pescadores feirantes instalados nos bairros da cidade, vai até amanhã ao meio-dia, com atendimento hoje das 8h às 18h.
Deveria ser hábito
O consumo de peixes deveria ser hábito. De acordo com o nutricionista Matheus Wicth, a carne é rica em nutrientes importantes para a saúde. São ótimas fontes de proteínas e ricos em vitaminas, como as do complexo B, iodo, cálcio, zinco, vitamina D e ômega 3. Segundo o especialista, a recomendação de consumo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), é de uma a duas porções por semana. “Os peixes gordos, como salmão, atum e sardinha (opções mais baratas), possuem maiores quantidades de ômega 3, gordura essencial que auxilia na saúde do cérebro, visão e coração. Já os magros, como o linguado, tilápia, tainha, corvina, além do tradicional bacalhau, são ótimas fontes de proteína e possuem poucas calorias.”

Ainda segundo Wicth, as melhores formas de consumir são cozidos, ensopados, grelhados e assados. “O ideal é evitar o consumo frequente de peixe frito, pois a fritura de imersão altera a composição nutricional, aumentando as calorias. Mas, lógico, se você come apenas na Sexta-feira Santa, isso não será um problema.”
Opções diversas
A chef de cozinha e docente dos cursos de gastronomia do Senac Pelotas, Raquel Marasca, cita opções de preparos para se inspirar. “Tem o bolinho de peixe, que pode ser usado peixe seco dessalgado ou peixe fresco; o peixe ensopado (tipo moqueca) para abusar de legumes e temperos e, para dar um toque especial, o azeite de dendê e leite de coco; o peixe em papelotes, que pode ser servido individualmente. Para o peixe grelhado, tempere o pescado, de preferência filé, e passe na farinha de trigo, depois frite em uma frigideira antiaderente com manteiga.” Segundo a chef, os peixes aceitam muitos tipos de acompanhamentos e também vão bem com um bom molho ao sugo, velouté de peixe, holandês, bechamel, entre outros.
Sugestão do DP
A pedido do DP, a cozinheira e proprietária do restaurante Dom Antônio Gastrobar, especializado em peixes, indicou uma boa alternativa para a Sexta-feira Santa.

Risoto de camarão
Ingredientes:
170 g de camarão
Sal e pimenta a gosto
50 gr de arroz arbório
1 litro de caldo de peixe
1 colher de sopa manteiga
Meia cebola picada
1 tomate picado e sem semente
20 g de queijo parmesão
Salsinha picada
Modo de preparo:
Em uma tigela, coloque o camarão para marinar com sal e pimenta por cerca de dez minutos. Leve uma panela ao fogo médio, aqueça o caldo de peixe e mantenha-o quente. Em outra panela de fundo grosso, também em fogo médio, coloque a cebola e o tomate, refogue-os e mexa de pouco em pouco. Quando os tomates estiverem quase desmanchando, acrescente o arroz e misture. Coloque o caldo e, em seguida, o camarão. Quando o arroz estiver chegando ao ponto ideal de cozimento, acrescente a manteiga e mexa para tudo se incorporar. Coloque o queijo e mexa até derreter. Por último acrescente a salsinha picada.
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário