Hospital Escola

UFPel e HE se manifestam sobre cirurgias

Dirigentes detalharam ações para tentar minimizar a falta de anestesistas que tem atrasado procedimentos e servido de estopim para greve

Por Helena Schuster
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(Estagiária sob supervisão de Vinicius Peraça)

Nesta sexta-feira (3), a UFPel, juntamente com a direção do Hospital Escola (HE/UFPel), concedeu uma entrevista em que pela primeira vez se manifestou abertamente - e não por meio de nota - sobre as dificuldades enfrentadas desde o ano passado na realização de cirurgias por conta da falta de anestesistas. Participaram da coletiva a superintendente do HE, Carolina Ziebell; a vice-reitora da universidade, Úrsula Silva; a diretora da Faculdade de Medicina (Famed), Julieta Frip; o pró-reitor de Planejamento, Paulo Ferreira; e a secretária municipal de Saúde, Roberta Paganini.

Durante a conversa, foram discutidos os principais encaminhamentos adotados para tentar resolver o problema. A superintendente do hospital afirmou que, neste momento, uma licitação para contratação de empresa prestadora de serviços de anestesiologia está em andamento, via pregão eletrônico, e será aberta no dia 16 de fevereiro. Paralelamente, também houve chamamento público emergencial para contratação temporária do serviço. A contratação foi feita há duas semanas, mas a empresa aprovada não teria prestado o serviço da forma esperada e o contrato foi rompido. Agora, outra empresa deve assumir o posto. "Hoje [sexta], provavelmente, assinaremos com uma empresa de Pelotas que prestará serviço de anestesia durante 12 horas, aos sábados, em nosso hospital", garantiu Carolina.

Além dos processos de contratação de profissionais, Carolina também destacou a parceria do HE com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que resultou no empréstimo de uma funcionária concursada do Município, que possui formação em anestesiologia. "A Secretaria nos cedeu 12 horas dessa profissional às terças-feiras. Hoje, temos anestesista na terça e no sábado e seguimos trabalhando para compor a equipe no restante dos dias." Segundo a superintendente, o hospital também trabalha com outras tratativas junto a prestadores de serviço da SMS, como a Santa Casa de Misericórdia, para utilização das dependências do hospital para fazer volume maior de procedimentos. Além dos profissionais temporários, os demais sete anestesistas concursados do quadro do HE seguem atuando normalmente na urgência e emergência.

Paralisação dos residentes

Uma das consequências da falta de anestesistas foi a mobilização dos médicos residentes em cirurgia geral do HE, que estão em greve desde o dia 20 de janeiro. Em carta aberta ao público, os médicos teceram críticas à conduta do hospital e pediram o encerramento do programa de residência. A situação chegou a ser levada à Comissão Estadual de Residência Médica (Cerem), que realizou visita de avaliação das denúncias e das condições do programa.

A diretora da Famed avalia que, apesar de ver razão na mobilização dos residentes, não gostaria de ver o programa extinto. "Existe uma regra de que para haver transferência tem que extinguir a residência. Nosso encaminhamento à Cerem foi de que abrisse uma exceção para que eles sejam transferidos e que abra a diligência para nós atendermos às demandas para a retomada da residência em curto prazo", explicou Julieta.

A superintendente do HE reforçou, ainda, que a paralisação dos residentes é válida, mas não afeta os atendimentos realizados pelo hospital. "O HE recebe o estudante para fazer sua formação, mas não depende dele para fazer sua assistência. Nós temos médicos cirurgiões contratados que estão realizando procedimentos cirúrgicos e, ainda que o médico residente esteja paralisado, aqueles procedimentos vão ocorrer", sustentou.

Problema nacional

Segundo os gestores, a falta de anestesistas é vista como um desafio de grande escala. O dimensionamento para o HE, feito em 2014, apontava que seriam necessários 11 profissionais para compor a escala. Desde então, concursos públicos para estes cargos foram realizados, mas, em nenhum momento, o quadro alcançou esse número. No último concurso para anestesista, por exemplo, não houve inscrito. "Temos uma limitação de anestesistas, mas isso também acontece em outras regiões do País. Podemos dizer que é uma crise nacional, especialmente para os hospitais universitários", avalia a vice-reitora da UFPel, Úrsula Silva.

Para a diretora da Famed, o investimento na formação de anestesiologistas na UFPel pode ser uma alternativa para atrair mais profissionais da área para a cidade. "Estamos com a proposta de aumentar o staff de docentes especialistas em anestesiologia. O departamento de cirurgia geral possuía dois docentes que pediram aposentadoria. Além da reposição imediata dessas duas vagas, também pretendemos dialogar com a Reitoria para solicitar mais quatro servidores anestesiologistas", acrescentou Julieta.

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