Lotação máxima
Um trânsito com 200 mil veículos
Crescimento da frota nos últimos dez anos foi de 58%; já chega a 1,7 pessoa para cada carro na cidade
Carlos Queiroz -
Pelotas já tem mais de 200 mil veículos. Foi de 58% o crescimento da frota nos últimos dez anos. Um grande desafio ao Poder Público e um número impactante, sem dúvida, analisa o secretário de Transportes e Trânsito, Flávio Al Alam. No entanto, acentua que é preciso atender a todos no mesmo espaço e a preocupação maior da prefeitura é equilibrar a desvantagem que pedestres, ciclistas e transporte coletivo têm em relação aos carros. Não considera o trânsito local caótico, muito pelo contrário, fala em avanços na área de mobilidade urbana.
"Nos momentos de pico temos problemas como em todo o Brasil, quando o número de pessoas se deslocando ao mesmo tempo é muito grande", destaca Al Alam. Ainda segundo ele, Pelotas é polo regional em saúde e educação, e tem muita movimentação também por causa do agronegócio e o comércio, o que faz com que venham carros de toda a região para a cidade.
Por isso, mesmo que os 200 mil veículos não estejam circulando ao mesmo tempo, acaba sendo criado um total que não está na conta do Detran, o de veículos de fora circulando dia a dia no município. Adequar o espaço a todos é o que a prefeitura tenta fazer, comenta, ao citar as obras de requalificação das avenidas e das ruas General Osório e Marechal Deodoro, vias que recebem o corredor de ônibus, ajustes de itinerários, aumento de ciclovias e ciclofaixas e intervenções nos grandes cruzamentos.
Na avaliação do secretário, existem duas correntes: as de pessoas que querem agilizar o trânsito e as de que querem parar. "Qualquer intervenção que se faça a gente recebe dezenas de pedidos de redução, como a colocação de quebra-molas. Achar o meio-termo entre ter mobilidade e não ter velocidade exagerada é o que se procura, com a utilização de radar e intervenções", frisa.
Segundo Al Alam, todos os atores do trânsito são fundamentais e a lei veio a beneficiar o pedestre a ter preferência na faixa de segurança. Para o metalúrgico Clementino Silva, 54, algumas, entretanto, precisam ser pintadas novamente para aparecer mais e serem, por consequência, mais respeitadas. Cita a avenida Juscelino Kubitschek de Oliveira, próxima ao Big, como um local difícil para o pedestre atravessar.
A análise do secretário é de que Pelotas melhorou muito para os ônibus com o corredor, pavimento, paradas e controle do tempo. É de 95% o índice de cumprimento dos horários. Hoje começa a pintura de sinalização na rua General Osório e na requalificação está prevista a colocação de abrigos totalmente envidraçados, da 3 de Maio à Doutor Amarante, e arborização. Para os carros, cita que a melhoria veio com os semáforos nos cruzamentos (foram colocados em 50 dos 75, sendo que até 2019 devem estar em todos). "O semáforo tranquiliza o trânsito", frisa.
Mais ciclovias e ciclofaixas
Até a metade de 2018 a prefeitura deve entregar mais dez quilômetros de ciclofaixas e ciclovias, chegando a 50 quilômetros. Em avenidas como a Juscelino, a Domingos de Almeida e a Duque de Caxias, serão liberadas antes da Leopoldo Brod, que não será feita agora. Na visão da gerontóloga Izabel Laguna, 56, que costuma andar de bicicleta, em alguns locais há dificuldade. "O trânsito é quase suicida. Sofro muito", diz.
Para o motociclista Rafael Goulart, 30, em horário de pico fica difícil. Considera que o motorista de carro não aceita o de moto. "É a lei do maior. Se atravessam na frente e dane-se o motoqueiro", reclama. Conforme ele, o motociclista tem de ter atenção redobrada, pois tem carro que não dá pisca para dobrar e motorista distraído falando ao celular.
O supervisor de produção Edmilson Freitas, 49, também vê alguns pontos da cidade como complicados no trânsito, sobretudo nos horários de pico. A saída encontrada por ele é deixar o carro estacionado e caminhar até muitos locais onde precisa ir, como em supermercado, e assim fugir do que chama de "sorteio" de quem vai passar.
Al Alam reforça: o gestor público tem que focar em todos. E mesmo diante das críticas que também diz ouvir, entende que Pelotas ainda tem deslocamentos longos, com tempos relativamente bons e gargalos que a prefeitura vai "desatando". De forma geral, avalia que ainda se convive bem no município, que tem problemas, mas está longe de ser um caos.
Alternativas
De acordo com a engenheira especialista em Infraestrutura e Transporte Rodoviário, Cristiane Schmitz, o incentivo ao uso do transporte coletivo e da bicicleta é muito importante para tentar fazer com que as pessoas deixem os carros em casa. Observa que tem muito automóvel andando com uma pessoa só, o que julga absurdo em termos de ocupação de vias. Para ela, a grande ação tem de ser do Poder Público no sentido de tornar as alternativas vantajosas para as pessoas que, caso contrário, não vão abrir mão de usar seus veículos.
Números do trânsito
Pelotas (População - 344.885 pessoas)
* 1,7 pessoa para cada carro
* 58% de aumento da frota de carros nos últimos dez anos
Rio Grande do Sul
* 1,8 pessoa para cada carro
* 66,1% de aumento da frota de carros nos últimos dez anos
Fonte: Detran/RS
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