Cuidados
Uma questão de respeito e de saúde pública
O não recolhimento dos dejetos de animais pode gerar problemas que afetam não só os animais, como os humanos, e é passível de multa
Jô Folha -
Quem anda pelas ruas da cidade já deve ter se deparado com a desagradável sensação de pisar em dejetos de cães e gatos, muitas de animais de estimação cujos donos não recolheram. Esse problema de higiene está diretamente ligado a inúmeras doenças e é passível de multa.
De acordo com o Artigo 20 do Código de Posturas de Pelotas, criado em 2011, os donos que não recolherem os dejetos de seus animais podem ser multados em até R$ 153,72. No entanto, não há fiscalização para evitar que as fezes fiquem atrapalhando quem passa pelas vias públicas. Esse controle é dificultado pois existem outras prioridades para os órgãos que deveriam cuidar dessa problema, como a Secretaria Municipal de Gestão da Cidade e Mobilidade Urbana, a Vigilância Sanitária e a Secretaria de Qualidade Ambiental, e os custos para manter alguém específico para esse serviço seriam muito altos. A postura cultural da população seria mais importante para sanar a questão, afirma o Secretário de Mobilidade Urbana, Gilberto Cunha.
Essa postura de cuidado para com os bichos de estimação é essencial para garantir a boa convivência, acredita a estudante de Medicina Veterinária, Eloísa Severo. Sempre que sai para passear com sua cachorrinha, ela leva sacos plásticos para recolher as fezes, pois, segundo ela, todos querem viver em um lugar mais limpo, e não há nada mais chato do que pisar nos dejetos de animais. A estudante também trata seu cão com vermífugos, para evitar a transmissão de doenças.
O tratamento contínuo dos animais auxilia na prevenção de muitas doenças que podem ser transmitidas pelas fezes, tanto para outros cães e gatos, como às próprias pessoas, relatam os professores do Laboratório de Doenças Parasitárias da Universidade Federal (Ladopar-UFPel), Tatiana de Avila Antunes e Diego Moscarelli Pinto. Uma série de zoonoses está ligada ao contato com dejetos de animais de pequeno porte, como dermatite serpiginosa, ancilostomose, toxoplasmose e giardíase, conta Moscarelli. A professora Tatiana ainda salienta que alguns parasitas patogênicos à saúde humana são liberados nas fezes dos animais, fazendo com que o esgoto doméstico seja uma importante fonte de contaminação ambiental e com grande impacto na saúde pública, o que se agrava em épocas de chuvas, com a dispersão desses agentes.
Se os donos estiverem preocupados com a saúde de seus animais, o Ladopar realiza exames de fezes em pequenos animais, para a detecção de doenças. Os testes são realizados no Campus Capão do Leão da UFPel, e o laboratório pode ser contatado pelos telefones: 3275-7209, 3275-7135 e 3275-7313.
Cuidados
Tratamento de cães e gatos doentes, assim como humanos.
Vermifugação periódica dos animais e humanos.
Lavar bem alimentos antes de ingerir.
Não dar carne ou vísceras cruas aos animais.
Limpeza diária das fezes de cães e gatos.
Educação sanitária.
Posse responsável de cães e gatos.
Controle pulgas.
Cuidados em locais com areia (praças, creches, praia) principalmente verão.
Usar água filtrada ou fervê-la.
Não comer carne crua ou mal passada.
Não tomar leite in natura.
Doenças
Homens
Bicho Geográfico - penetração ativa na pele pela larva L3 do parasita, principalmente em locais arenosos, quentes e úmidos. Deixam atrás de si um caminho sinuoso, que faz saliência na pele.
Larva Migrans Visceral - ingestão de ovos contendo larva, através das mãos e solo contaminadas com fezes. Podem permanecer migrando e depois se alojar em diversos tecidos do corpo formando granulomas
Dipilidiose - ingestão acidental de pulgas parasitadas. Em crianças o parasito pode causar desconforto ou dores abdominais, diarreia, prurido anal e irritabilidade
Giardíase - Mais comum em crianças até seis anos. É transmitida pela ingestão de cistos maduros através de água sem tratamento, alimentos contaminados, e contato com fezes.
Criptosporidiose - ingestão ou inalação oocistos, principalmente associados a água contaminada. Um sintoma característico é a diarreia.
Hidatidose - ingerir ovos dos parasitas, provenientes de cães infectados após contato com fezes, alimentos e água contaminados. Atinge fígado, pulmões e cérebro, onde os cistos crescem de 1 a 5 cm/ano e podem levar ao choque anafilático.
Toxoplasmose - a transmissão se dá principalmente pela ingestão de água contaminada, saladas cruas e frutas não lavadas corretamente, areia contaminada e terra. Também pela transfusão de sangue, leite in natura, carne in natura, facas e utensílios para cortar carne. No homem pode ocorrer várias formas da doença: forma adquirida, cujos sintomas são febre, mialgia, cefaleia, lesão ocular. A toxoplasmose congênita que ocorre quando a mulher se infecta pela primeira vez durante a gestação e afeta os bebês.
Animais
Ancilostomose - Ocorre mais em animais jovens e a forma infectante é a larva L3. Cães e gatos se infectam por via oral, pela pele e através do leite materno.
Toxocariose - Ocorre em cães e gatos e os principais sintomas são abdome inchado e hálito adocicado característico de maçã verde. O modo de transmissão para animais ocorre através da ingestão de ovos contendo a larva L3 e pelo leite materno.
Dipilidiose - Espécie frequentemente encontrada no intestino de cães e gatos, constitui uma zoonose. Este parasita depende da pulga para completar seu ciclo biológico. Só apresenta sintomas em infecções maciças.
Giardíase - Ocorre em diversas espécies de mamíferos, aves, répteis e anfíbios. É transmitida pela ingestão de cistos maduros através de água sem tratamento, alimentos contaminados, e manuseio com fezes contaminadas.
Criptosporidiose - Ingestão de oocistos. As infecções são mais severas em animais jovens e podem ser assintomáticas.
Hidatidose - O cão se contamina comendo vísceras cruas contendo cisto e completa o ciclo liberando os ovos nas fezes.
Toxoplasmose - Os gatos se contaminam comendo carne crua e caças, ingerindo oocistos. Após a contaminação, o felino irá eliminar milhares de oocistos imaturos e infectantes nas fezes, por um período de 10 a 14 dias, completando o ciclo. Além de gatos, em que a doença é assintomática, ocorre também em bovinos, ovinos, suínos, caprinos, mas é rara em cães.
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