Queda

Vendas da Feira do Livro de Pelotas caem com crise econômica

A continuar retração econômica no país, dificilmente próxima edição poderá ser ampliada em programação e área física

Carlos Queiroz -

Por: Tânia Cabistany e Rafaelle Ross

Fotos: Carlos Queiroz

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Após 20 dias de muita cultura e programações artísticas no coração do Centro Histórico pelotense, a 44ª Feira do Livro se despediu da praça Coronel Pedro Osório em meio a um final de semana voltado à arte local e apropriação do espaço público, tendo em paralelo a segunda edição da Virada Cultural (leia mais na página 9). A edição superou as 60 mil unidades comercializadas, um resultado abaixo do atingido no último ano, que no período de duas semanas registrou 81 mil livros vendidos. A estimativa é de que cerca de 85 mil pessoas tenham circulado por entre as bancas, as quais fecharam definitivamente às 22h deste domingo (20), ao clássico soar do sino pelas mãos do orador da Feira, neste ano, Aldyr Schlee.

Mesmo com algumas dificuldades e carências de incentivos, a Feira do Livro de Pelotas cumpre seu papel, avalia a coordenadora do evento, Theia Bender. A área física poderia ser ampliada se houvesse disponibilidade financeira, o que igualmente não viabiliza a vinda de escritores de fora para promoção de palestras e oficinas. Tudo emperra na falta de dinheiro e a continuar a crise econômica instalada no país, dificilmente poderá haver mudanças na edição de 2017. Leis existem, o problema é a captação de verba junto a empresas.

Theia recorda que em 2012, em parceria com a Biblioteca Nacional, foi possível trazer a Pelotas uma caravana de escritores, mas depois disso a organização começou a enfrentar dificuldades em relação aos gastos, que precisaram ser contidos. É preciso somar estadia, alimentação e cachês. Torna-se caro. A aposta então fica direcionada a atrações locais e dispersas entre artistas e escolas, que este ano somaram mais de 150 apresentações, total acima da edição passada, por ter mais um dia de feira nesta edição.

O espaço reservado às sessões de autógrafos foi pequeno e a limitação também é justificada pela ausência de recursos, juntamente à impossibilidade de utilização do espaço público como antigamente. Não pode mais ocupar canteiros e outras áreas de rua que não as alamedas, devido ao estacionamento rotativo. Para proporcionar uma tenda às sessões seria necessário usar um dos canteiros e isso não é mais viável, logo não mudará para o próximo ano. "Este ano íamos fazer em uma alameda separada, deixar mais comprido pelo menos, mas por falta de recursos tudo emperra. Consegue-se fazer a feira muito na cara e na coragem", afirma.

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Havia receio em 2015 de que a feira não tivesse grande movimentação de vendas, mas os resultados superaram a expectativa em relação a livros e na praça da alimentação. "Certamente os expositores saíram mais felizes do que vão sair este ano", antecipa. Segundo Theia, não é difícil aprovar projeto em leis de incentivo cultural, a barreira é realmente conseguir o dinheiro junto a empresas para investir no evento, o que está cada vez mais difícil.

"Não é tão simples. A gente tentou, mas não conseguiu", conta, ao se falar que todos os anos a comissão organizadora tenta aprovar projetos para captar verba, mas nos últimos não tem tido receptividade. Como ainda é uma incógnita a situação econômica do Brasil, difícil prever se em 2017 vai melhorar, porque se a crise continuar, fatalmente vai atingir a feira de novo.

Na voz do público, a aprovação
Apesar dos entraves elencados pela coordenação da feira, na percepção do público o evento cumpriu aquela que pode ser apontada como a sua principal proposta: aproximar a comunidade do mundo das letras. Gislaine Silveira, por exemplo, prestigiou a feira pela primeira vez neste ano, motivada pela filha que apresentou-se através do coral que participa no Instituto São Benedito. Para ela, tanto a estrutura quanto as opções de livros e preços estão aprovadas. Pela primeira vez no evento também, Tânia Leguis, acompanhada da família, reforça a opinião de Gislaine. Natural de Uruguaiana conta que a feira, na sua cidade natal, não ocorre com a mesma frequência como aqui e também tem estrutura diferenciada. "Achei bem interessante o que encontrei aqui e achei bem agradável a escolha do lugar, além de ter bastante opção de livros para crianças", diz.

O público infantil, de fato, marcou presença ao longo dos 20 dias de evento, principalmente pelas visitas programadas através das escolas pelotenses. A professora da escola Municipal Olavo Bilac, no Fragata, Joseane Rosa, levou duas turmas para visitar a feira e conta que a experiência agregou tanto em sala de aula como fora. "Foi bem interessante proporcionar a vinda dos estudantes, muitos questionaram quanto era a entrada por acreditarem ser cobrada. Já quando estavam aqui pesquisaram, negociaram o preço das obras para conseguirem levar e muitos compraram. Valeu muito a pena."

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Mais vendidos
Série instrumentos mortais, de Cassandra Clare e Joshua Lewis
Dias melhores virão, de Jennifer Weinner
Diga aos lobos que estou em casa, de Carol Rifka Brunt

Mais procurados
50 tons de Rosa, Pelotas no tempo da Ditadura, de autores locais
Quatro vidas de um cachorro, de Bruce Cameron
Rita Lee: uma autobiografia
Harry Potter e a criança amaldiçoada, de J. K. Rowling, Jack Thorne, John Tiffany

Em números
17 livreiros
11 expositores na praça de alimentação
61 títulos autografados
140 atividades culturais

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