Editorial

Zero confiança

Mais uma vez a CEEE Equatorial deixou a desejar. Pouco mais de 24 horas depois do começo do outono, quando já se espera o início de intempéries climáticas em maior quantidade, veio o primeiro temporal. E com ele muitas partes do Estado já ficaram no apagão. O Centro de Pelotas, por exemplo, escureceu no início da ventania na madrugada de quarta para quinta-feira. Alguns ainda não tinham voltado até o fechamento desta edição. E tudo isso depõe, mais uma vez, contra a empresa que fornece energia elétrica para o RS.

A opinião pública é praticamente unânime em condenar o trabalho prestado pela empresa que adquiriu a companhia até então estadual. Em qualquer espaço de conversa, seja virtual, seja in loco, todo mundo tem alguma crítica a fazer. Não é normal a qualidade de um serviço – que já não era de excelência – decair tanto. O que para muitos era ruim, tanto que a privatização foi aprovada tranquilamente na Assembleia Legislativa, ficou muito pior.

Esse fato não é baseado em achismo ou em delírio coletivo. Também há dois dias o Diário Popular publicou um levantamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em que colocava a distribuidora como a segunda pior do País. É um dado recorrente no estudo que considera a frequência de interrupção de abastecimento de energia elétrica e o tempo a ser restabelecido, em um cálculo que gera o índice DGC (Desempenho Geral de Continuidade). A única pior, também do Grupo Equatorial, é a concessionária que atende Goiás.

Na série histórica, a melhor colocação da CEEE foi ficar em 27ª de 36 avaliados em 2015. Ou seja, o serviço nunca foi dos melhores. Mas justamente a promessa da privatização era de que as coisas melhorariam. Não só não melhoraram, como a percepção é ainda pior, justamente pela demora cada vez maior para restabelecer o serviço.

O temporal de ontem foi o primeiro de uma estação que tende a ter mais alguns extremos climáticos. Não é possível que a CEEE Equatorial venha mais uma vez a público dizer que foi surpreendida por isso. A avaliação dos trabalhos prestados é cada vez pior e é extremamente necessário que a sociedade como um todo se engaje para exercer pressão pela qualificação dos trabalhos prestados, a custo bastante elevado para o bolso do cidadão e do empresário.

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