Editorial

Crise climática não é entretenimento

Que a questão climática é urgente já não é mais surpresa para ninguém. Fora alguns negacionistas do aquecimento global (infelizmente, alguns em posição de poder e gestão) e outros desinformados, o tema é assunto há mais de 20 anos e vem se intensificando a cada dia. No dia a dia é perceptível ao máximo, com verões cada vez mais quentes, invernos cada vez mais frios e, no meio disso, um sofrimento absurdo das pessoas, em especial as com maiores dificuldades financeiras.

E, em paralelo, há a cobertura midiática. É muito comum ouvir especialistas, falar sobre o aumento constante de situações caóticas - vivemos pelo menos três só no ano passado em Pelotas - e chorar, muitas vezes, as tragédias causadas pelos ciclones, enchentes e secas. Só que em tantos outros momentos, a abordagem da imprensa para essas situações é de entretenimento, em especial no que se trata de temperaturas.

Frio fora de época ou acima da média é, para alguns, uma oportunidade gastronômica, cultural, enfim. O calorão é a chance de pegar uma praia, beber algo bem gelado e refrescar-se de maneiras divertidas. Só que nesse meio termo, há milhares, milhões de vidas impactadas. Para a pessoa em extrema pobreza, lidar com extremos do termômetro é um desafio que muitas vezes custa vida.

Na semana passada, o Rio de Janeiro atingiu recordes históricos de calor e, em muitos veículos, o que se via era uma cobertura de entretenimento e curiosidade. Situações assim devem ser vistas pela mídia como uma oportunidade de destacar que os extremos serão cada vez mais comuns e, com eles, virão mais sofrimentos, caso a questão não seja lidada de maneira correta.

O tema climático já é pauta central em empresas de grande porte, em governos que buscam ser responsáveis e em basicamente todas as cúpulas internacionais entre políticos e empresários. De nada adianta a mídia cobrir isso, e cobrar diante das tragédias do clima, se não usa seu papel de acesso à população também para informar medidas de evitar isso.

A ética e responsabilidade devem ser pautas constantes nas redações. Muitas vezes, uma abordagem midiática bem feita é a chave para evitar uma tragédia futura. E a cobertura responsável é essencial para isso, não só no clima, mas em tantos outros temas.

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