Thaís Russomano
A conspiração da pólvora
Quando aportei em Londres, em setembro de 1994, para iniciar meu PhD, descobri que a virada do ano na praça Trafalgar não teria fogos de artifício. Fiquei decepcionada. E foi assim mesmo! Vi entrar vários anos sem qualquer estampido colorir o céu do inverno britânico. “Apenas em uma noite do ano é permitido fogos de artifício”, disse-me um amigo. “Qual?” - indaguei, curiosa. “5 de novembro”.
Para entender isso, mergulhei na história do século 17. Em 1605, houve a Conspiração da Pólvora, um levante, liderado por Robert Catesby contra a repressão aos direitos políticos dos católicos, empreendida pelo rei James I, que era protestante. Entre os participantes, estava o soldado inglês Guy Fawkes, responsável por guardar os barris de pólvora. O objetivo era explodir o Parlamento, durante uma sessão, matando políticos, parlamentares e o próprio rei. Os conspiradores do levante, no entanto, temendo que inocentes também morressem, enviaram avisos para que esses ficassem longe do Parlamento. Isso acabou chegando aos ouvidos de James I, o qual ordenou, imediatamente, uma minuciosa busca em todo o prédio. Foi assim que descobriram Guy Fawkes com os trinta e três barris de pólvora.
Ele e muitos outros participantes do levante acabaram enforcados por traição e tentativa de assassinato. Desde então, em 5 de novembro, a Noite das Fogueiras (Bonfire Night) celebra a captura dos conspiradores, quando bonecos são queimados e fogos de artifício enchem os céus.
E isso se repete há séculos, pois os britânicos gostam de relembrar fatos históricos. Como dizem os versos: “Me lembro, me lembro do 5 de novembro; Do atentado e da pólvora se deve saber; E não vejo razão, para que tal traição; Um dia se venha a esquecer.”
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