Sergio Cruz Lima
A Igreja Católica pede perdão
Por Sergio Cruz Lima
Presidente da Bibliotheca Pública Pelotense
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João Paulo II, elevado à glória dos altares, foi um dos grandes papas da Igreja Católica no mundo contemporâneo. Em março de 2000 - 22 anos se passaram! - durante a tradicional homilia dominical do papa na Basílica de São Pedro, ocorre um histórico ato penitencial. Na ocasião, o pontífice, filho da Polônia, pede perdão pelas culpas passadas e presentes dos filhos da Igreja.
Em verdade, não é a primeira vez que o pontífice romano pede perdão pelos pecados dos filhos da Igreja, mas nessa oportunidade é a primeira vez que um bispo de Roma preside uma celebração solene dedicada exclusivamente ao reconhecimento, diante de Deus e dos homens, das faltas da Igreja, quer passadas, quer presentes, perante o ateísmo, a indiferença religiosa, o secularismo, o relativismo ético, as violações do direito à vida e o desinteresse pela pobreza de muitas nações. Trata-se, pois, de um momento histórico, como disse, em que sete cardeais arcebispos, juntamente com o próprio pontífice, elevam a Deus sete súplicas de perdão, fruto do exame de consciência feito pela Igreja na preparação do Ano Santo.
Bernardin Gantin, cardeal africano, decano do Colégio Cardinalício, requer a purificação da memória dos cristãos para que o Jubileu do ano 2000 se converta em um autêntico motivo de conversão. Joseph Ratzinger, cardeal alemão, confessa as culpas de homens da Igreja que, em nome da fé e da moral, recorreram a métodos não evangélicos em seu justo dever de defender a verdade. Roger Etchegaray, cardeal francês, confessa os pecados que dividiram os cristãos. Edward Cassidy, cardeal australiano, reconhece os danos cometidos contra o povo da Aliança. Stephen Fumio Hamao, cardeal japonês, faz uma confissão pública das culpas cometidas com comportamentos contra o amor, a paz, os direitos dos povos, o respeito às culturas e às religiões. Francis Arinze, cardeal nigeriano, convida a pedir perdão pelos pecados que feriram a dignidade da mulher e do gênero humano. Por derradeiro, o cardeal vietnamita François Xavier Nguyên Van Thuân pede perdão pelos pecados que afetam os direitos fundamentais do ser humano.
Ao fim da celebração, João Paulo II explica o significado de um gesto que será considerado um dos mais característicos do Jubileu. E o gesto histórico do papa não é apenas um pedido de perdão. Ele também oferece o perdão a todos aqueles que atacaram, perseguiram e martirizaram os cristãos. Ontem e hoje.
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