João Neutzling Jr

A república e a maçonaria

Por João Neutzling Jr
Auditor estadual, bacharel em Economia, mestre em Educação e professor

Em 1808 a real família portuguesa saiu às pressas de Lisboa e veio para o Brasil, com medo da invasão de Napoleão Bonaparte. Em 1822 Dom Pedro I decretou a independência do Brasil da Coroa Portuguesa, nascemos como nação ainda que sob jugo da Coroa Britânica.


Em 1889 (um século depois da revolução francesa), o monarca Dom Pedro II foi deposto em um golpe de estado. Terminava assim nosso período de 67 anos de regime monárquico, onde a escravidão foi dominante, e começava nossa história como república que agora completa 133 anos.


Na monarquia o chefe de estado é determinado por critério de hereditariedade enquanto que em um regime republicano ele é escolhido por meio de eleições gerais.


Mas a república como regime de governo não caiu do céu como a chuva, resultou de um movimento político que contava com a participação de vários segmentos sociais, entre eles a maçonaria.


A implantação da república foi a maior revolução de nossa história e teve como líderes máximos dois maçons: Deodoro da Fonseca (Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil) e Benjamin Constant.


A Proclamação da República aconteceu no dia 15 de novembro de 1889 e foi resultado de uma articulação entre militares e civis insatisfeitos com a monarquia. Havia insatisfação entre os militares com salários e com a carreira.


Havia também descontentamento entre elites emergentes com a sub-representação na política da monarquia. A questão abolicionista também somou forças ao movimento republicano. Esses grupos se uniram em um golpe que derrubou a monarquia.


A recém-formada república teve seu primeiro Ministério todo composto por vários maçons: Marechal Manuel Deodoro da Fonseca, chefe do governo provisório; Aristides da Silveira Lobo, ministro do Interior; Ruy Barbosa, ministro da Fazenda e interinamente da Justiça; tenente-coronel Benjamin Constant Botelho de Magalhães, ministro da Guerra; chefe de esquadra Eduardo Wandenkolk, ministro da Marinha; Quintino Bocayuva, ministro das Relações Exteriores e interinamente da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, sendo posteriormente nomeado Demétrio Ribeiro para este cargo; e Campos Salles como Ministro da Justiça.


A maçonaria também atuou em inúmeros eventos políticos relevantes como a Revolução Francesa de 1789, principalmente pela atuação da loja Verta Triomphante de Saint-Brieux. A maçonaria lutava pela Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Combatia a exploração do homem pelo homem. Tudo isso resultou na revolução de 1789 que terminou com as arbitrariedades da monarquia francesa.


A maçonaria atuou também em prol da independência dos EUA em 1776 por meio de dois maçons famosos que foram George Washington (primeiro presidente) e o incomparável Benjamin Franklin, uma das mentes mais iluminadas e maçom atuante. Na obra A Cidade Secreta da Maçonaria (2007) de David Ovason é relatada toda a história da cidade de Washington e a ação da maçonaria americana.


Durante a Revolução Farroupilha (1835-1945) foi também decisiva a ação da maçonaria em favor dos interesses econômicos do Rio Grande do Sul.


A maçonaria como instituição filosófica sempre atuou em prol da liberdade, pelos direitos individuais e contra as tiranias. E sempre procura lapidar a pedra bruta para aperfeiçoar as instituições.

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