Editorial
A sujeira e o fogo
Não é preciso esforço algum para encontrar nas nossas praias, beira de arroios e rios todo tipo de sujeira possível. Copos, garrafas de vidro, latas, embalagens de comida, sacolas, plásticos de todos os tamanhos e formatos, tocos de cigarro, fraldas. Uma lista interminável de itens que nada têm a ver com locais e paisagens que só fazem sentido estando limpos e bem cuidados. Como isso tem sido raridade, especialmente quando se fala de Pelotas e Zona Sul, só se pode concluir que boa parte da população está longe de ter a compreensão dos seus atos. Ou, pior: o entendimento existe, mas faltam o bom senso e a educação.
Nas últimas semanas têm se espalhado pelas redes sociais os relatos de pessoas indignadas com a poluição encontrada na orla da Lagoa dos Patos. Algumas iniciativas individuais ou em grupos, como mostrado na edição de ontem, investem tempo no recolhimento desse lixo. Contudo, mesmo sendo extremamente importantes e elogiáveis, são insuficientes diante do relaxamento de outros tantos cidadãos. A ponto destes resíduos deixados por toda a parte acabarem causando ferimentos em banhistas, como cortes grandes e profundos provocados por garrafas e cacos de vidro que ficam invisíveis no fundo da água.
Acidentes podem acontecer, são imprevisíveis. Contudo, muitos podem ser prevenidos. Outro exemplo, tão grave quanto, são os incêndios que se repetem dia após dia em campos e matas nativas. No último domingo mais uma vez o Pontal da Barra foi atingido por fogo intenso na vegetação. É o segunda vez em menos de um mês que uma grande queima acontece naquela região de extrema valia para o ambiente natural de Pelotas. Em nenhuma delas, no entanto, se tem a certeza da origem da combustão. Contudo, para as comunidades do entorno, há uma suspeita forte: por ser um local bastante procurado por visitantes para montar acampamento, seriam comuns que restos de fogueiras armadas para preparo de churrasco permanecessem. Com dias quentes e ventosos como os atuais, somados a uma vegetação mais seca, cria-se o cenário fica perfeito para o fogo se espalhar.
Pouco adianta que haja indignação e críticas nas redes sociais a cada vez que alguém se fere em algum objeto na água ou que o fogo se espalha em áreas que deveriam estar a salvo. Embora a obrigação de fiscalização seja do poder público, é impossível que agentes estejam presentes em todos os locais o tempo todo evitando ações irresponsáveis. Conscientização é a saída, possível de ser estimulada com punições severas e campanhas de educativas. Ou então teremos que nos resignar e aceitar conviver com a sujeira e a destruição de patrimônios naturais e ativos turísticos.
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