Opinião

A tentativa de Silveira Martins

Por Sergio Cruz Lima
Presidente da Bibliotheca Pública Pelotense
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Em Petrópolis, o Imperador recebe os telegramas enviados pelo presidente do Conselho. Mas é só depois de receber a segunda mensagem, às 11h do dia 15 de novembro, na qual Ouro Preto participa-lhe a destituição do Ministério pela tropa sublevada, que dom Pedro II se inteira da gravidade que ameaça o trono. Às 14h, a família imperial desembarca no Rio de Janeiro. O País encontra-se sem governo. A República ainda não mostrara a sua cara, pois os líderes revolucionários permanecem em conciliábulos. Tanto é assim que nenhuma tropa é mandada para prender o monarca ou obstar sua vinda ao Rio.

Ao chegar ao Paço da Cidade, dom Pedro II manda chamar Ouro Preto. Após o relato dos fatos ocorridos, o visconde reitera-lhe o pedido de demissão. O imperador tenta dissuadi-lo. Diante da negativa, pede-lhe que indique um nome para sucedê-lo na presidência do Conselho. "O senador Gaspar Silveira Martins", responde Ouro Preto, "é o nome para a situação". O imperador acata a sugestão. Pede-lhe então que avise Silveira Martins para vir falar-lhe. Acontece que o indicado está em viagem, devendo chegar ao Rio amanhã ou depois. "Logo que chegar", remata dom Pedro, "diga-lhe que venha entender-se comigo". Ao tomar conhecimento do fato, o conde d´Eu acorre e diz ao Imperador que o País, nas atuais circunstâncias, não pode ficar três dias sem governo. "Vamos esperar", responde-lhe serenamente o imperador. O conde d´Eu insiste: "Dizem que o Governo Provisório já está formado. Amanhã pela manhã, talvez esta noite, Vossa Majestade verá as proclamações afixadas". Ao lado do pai, a princesa Isabel aconselha-o: "Convoque ao menos o Conselho de Estado". Calmo, dom Pedro retruca: "Mais tarde". O conde d´Eu insiste: "Permita-me ao menos que diga ao conselheiro Olegário para convocar o Conselho". A resposta é seca: "Veremos isso depois". Cansado de insistir, o casal d´Eu ordena a convocação do Conselho de Estado. À revelia do Imperador decide-se enviar os senadores Dantas e Correia à procura do marechal Deodoro. Ambos partem, mas logo retornam dizendo não lhes ter sido possível avistar-se com o chefe revoltoso. Por volta da meia-noite, a princesa Isabel consegue o sim imperial para reunir o Conselho de Estado, cujos membros já estão ali presentes. O parecer unânime dos conselheiros é que o Imperador deve constituir rapidamente um novo governo. Dom Pedro opta pelo nome de Silveira Martins. Paranaguá apanha-o em casa e cerca de uma hora da madrugada do dia 16, ambos retornam ao Paço. O convite é formulado. Gaspar Silveira Martins aceita-o.

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