Editorial

Cadeado em porta arrombada

A sabedoria popular tem um ditado bastante conhecido que, com algumas variações, diz o seguinte: "depois da casa arrombada é que se coloca o cadeado na porta". Na prática, é isso o que se pode ver no caso de algumas escolas da rede pública municipal de Pelotas.

Chegando ao fim do primeiro semestre letivo, centenas de estudantes, professores e funcionários dos educandários continuam lidando com problemas básicos na área da educação, como prédios em péssimas condições. Em alguns casos, praticamente se desmanchando. É o que ocorre com a Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Getúlio Vargas, no bairro homônimo. Por lá, a precariedade é tamanha que as atividades foram suspensas porque o prédio teve de ser interditado. Como mostram as imagens de Carlos Queiroz e o relato de Helena Schuster, forro, piso e paredes não condizem com condições mínimas esperadas para um ambiente de educação, acolhimento e preparação para o futuro. Que criança ou jovem se sente valorizado e estimulado a aprender onde o teto dá sinais de que pode cair sobre a cabeça? Ou que o chão se abre a ponto de um aluno ficar com o pé preso? Onde o muro é tão frágil e inseguro que precisa ser escorado com estacas de madeira?

Em outro ponto da cidade, na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Antônio Caringi, o cenário já retratado pelo DP há alguns meses segue o mesmo. A instituição tem duas salas de aula interditadas também por problemas estruturais, o que se arrasta pelo menos desde o começo do ano. Por lá, as aulas que deveriam ter iniciado em fevereiro só começaram em março porque, inicialmente, o entendimento era de que o prédio inteiro não seria seguro. Depois, houve a flexibilização e liberação de espaços, exceto as duas salas. O que obriga até hoje que estudantes façam algumas de suas atividades de forma improvisada em ambientes que não foram projetados para aulas.

Ainda que o Município venha a ter entendimento que estes casos são isolados ou extremos, isso de forma alguma minimiza a responsabilidade pela situação de sucateamento destas escolas. Certamente a degradação não ocorreu da noite para o dia e, portanto, torna-se obrigação de quem tem a gestão sobre a educação saber disso e evitar o extremo atual.

Há investimentos que, por maiores que sejam as divergências políticas que possam existir, ninguém questiona. E educação certamente está entre eles. Alguma falha nitidamente ocorreu e precisa ser resolvida. Não há justificativa para mais um semestre com ambientes escolares sendo interditados. Não há razão para escolas chegarem a esse ponto.

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