Editorial
Calma, respira e debreia
Último domingo. 14h. Temperaturas escaldantes.Um ciclista que trafegava pela avenida Fernando Osório, no trecho entre Praça do Colono e Curva da Morte, precisou desviar duas vezes de veículos estacionados na ciclofaixa. Com pisca-alerta ligados, claro, o que alguns condutores tratam como a estrela do antigo jogo do Mario Kart, que permitia fazer barbáries sem punição enquanto pilotava. Também outro dia mesmo, uma moça estava sendo multada em frente a um tradicional hospital da cidade por estacionar em espaço dedicado a ambulâncias. "Só fui ali rapidinho", ela disse a um dos guardas. Esse rapidinho não foi, mas poderia ter sido o tempo necessário para alguém, precisando de atendimento em emergência, chegar ali, precisar ser atendido e perder preciosos minutos.
Cenários de pessoas fazendo a famosa "barbeiragem" ou grosserias descabidas no trânsito são cenas vistas diariamente em Pelotas. Alguém circulando no corredor que deveria ser exclusivamente para ônibus. Alguém não parando na faixa de segurança. Dobrar sem dar seta. A buzina nervosa uma fração de segundo após o semáforo abrir. Tudo isso mostra que o trânsito virou uma grande falta de educação coletiva. Parece uma espécie de campeonato para saber quem consegue ser mais raivoso em um espaço curto de tempo.
E o Poder Público, sempre tão cobrado, tem pouco, praticamente nada a fazer neste tipo de situação. Claro, há a possibilidade de multar, mas sabe-se que são poucos agentes para muitos e muitos quilômetros de vias urbanas e rurais e muita falta de paciência coletiva. Culmina num fator que foge de qualquer monitoramento estatal possível: a falta de educação e de empatia básica. Há que se ter educação, e também não aquele tipo que se aprende na escola, mas sim na vida.
Muitos se esquecem, também, que ao descer do veículo tornam-se pedestres como todos os outros. É quase uma falta de inteligência básica desrespeitar, por exemplo, quem está atravessando na faixa de segurança quando, em alguns instantes, inevitavelmente, ele próprio se verá naquela situação. E é o tipo de mentalidade que não muda-se em pouco tempo, já que tornou-se quase cultural levar o stress de casa, do escritório, da vida em geral, para o banco do motorista. Portanto, é sempre necessário, quase como parte da rotina de entrar em um veículo: põe o cinto, alinha os espelhos, verifica se está tudo ok, respira fundo e pensa, só um pouquinho, no próximo.
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