Odiomar Teixeira

Carta aberta sobre a tragédia na escola de Blumenau

Por Odiomar Teixeira
Coronel da Reserva da Brigada Militar

Passadas mais de duas semanas do mais recente e trágico ataque a um ambiente escolar, ocorrido em Blumenau, onde oito crianças foram vítimas da violência e quatro faleceram, despertou-se na sociedade um censo de urgência e aflição na resposta a ser dada, mostrando que a ordem pública é uma pedra angular. Afinal, a forma brutal e desmedida com que o agressor vitimou essas crianças deixa qualquer um, até o mais experiente policial com, “nó na garganta” em falar sobre o ocorrido.

Acompanhando o fato desde seu acontecimento e com as conclusões iniciais do inquérito policial, chego às seguintes preliminares conclusões: segurança sempre deve ser pauta e protagonista em uma sociedade que cuida bem de sua gente, seja em ambientes escolares, parques, praças, eventos, comércios, residências, prédios púbicos, entre outros que fazem parte de nosso cotidiano, pois o olhar prioritário é sempre naquilo que nos é mais caro e precioso, a vida.

Em seu artigo 144, a Constituição da República de 1988 sabiamente discorre: “A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos...”. Demonstra que o papel das polícias é fundamental, mas a sociedade precisa se envolver, se doar, se engajar em projetos a ações para tornar a segurança cada dia mais eficaz.

Testemunhei, em minha carreira policial militar, de mais de 30 anos de serviço ativo na segurança pública, que quando as ações são integradas entre órgãos públicos e a sociedade, cria-se uma sinergia muito positiva para construção de soluções e ações efetivas no que concerne à segurança. Assim, é necessário entender que a consciência situacional demonstra que todos nós somos parte da solução.

Desta forma, entendo que agentes de segurança, sejam eles públicos ou privados, são importantes na segurança escolar, mas para esta ser mais efetiva precisamos de que o universo escolar (professores, alunos, pais, funcionários) seja orientado através de conferências, palestras, simpósios, treinamentos, encontros, visando criar uma consciência de como evitar, mitigar ou enfrentar uma situação como a ocorrida em Blumenau, lidando assim de forma preventiva com o risco a que podem estar expostos e as medidas que podem ser construídas para que sejam combatidos.

A tecnologia é uma aliada sem precedentes na segurança. Atualmente, a utilização de câmeras com reconhecimento facial, botão de pânico, alarmes sonoros, detectores de metais, podem ser utilizados para dissuadir o agressor ou acelerar a resposta policial, como também alertar os alunos, professores e dirigentes escolares de uma possível invasão.

Além destas medidas, o ambiente estrutural e perimetral (controle de acesso) das escolas deve passar por estudos propondo mudanças para que se adeque a uma arquitetura contra o crime, sendo mais um fator a dissuadir o impulso do agressor em cometer o delito.

A gestão de risco para este tipo de evento, correlacionada com a efetivação de medidas como as elencadas e/ou outras de mesma ordem, poderá acarretar que uma possível futura ocorrência possa ser evitada e/ou mitigada.​

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