Editorial
Coisa nossa
Mesmo com a quebra na safra, a colheita de pêssego segue forte em Pelotas e Zona Sul. É sempre bom lembrar que somos a principal região produtora da fruta no País e um dos líderes mundiais. Porém, apesar disso, basta a conversa com qualquer elo da cadeia para compreender que as dores são enormes, e não de agora, acerca do tanto que se perde e do quão pouco se ganha com a cultura por aqui.
Parece haver uma tentativa de virada de chave. No mês passado, um evento trouxe empresários do setor industrial de diversos países. Espera-se que, com isso, além de gerar novas visões e buscar tecnologias, vislumbre-se investimentos a curto e médio prazo, principalmente. A área emprega muita gente, em especial postos de trabalhos sazonais durante a colheita, que é relativamente curta, dura, se tanto, dois meses.
Mas talvez a principal questão a ser pensada é no campo. Com as mudanças climáticas, o pêssego sofre demais por sua delicadeza. Falta ou excesso de frio e de calor, chuva, vento, enfim, tudo pode afetar rapidamente o quanto se colhe, ou se haverá colheita. Não raro, famílias de fruticultores perdem tudo em uma noite. O que gera uma situação ainda mais grave já que, por ser uma cultura massivamente artesanal, com muito trabalho braçal, envolve muita gente. Pais, mães, filhos, todo mundo é dedicado a isso. Quando se perde, todos perdem.
Por isso, houve um encolhimento ao longo das últimas décadas. É muito mais fácil dedicar-se a outras culturas em que a tecnologia ajuda mais, ou que a produção é mais estável. No entanto, Pelotas não podem correr risco de ver morrer mais uma coisa em que é referência nacional, mesmo que muitas vezes se esqueça disso. Uma coisa nossa.
E é na lembrança que está a sobrevivência do pêssego. Um pouco de incentivo das entidades e poder público para aprimoramento do manejo, e o abraço da comunidade em eventos como a Festa do Pêssego de ontem, são fundamentais para que o setor respire. O setor empresarial também pode ser uma das chaves, e tomara que Pelotas consiga voltar, cada vez mais, aos holofotes mundiais da produção da fruta. Muito além do sabor, a produção da fruta é parte da nossa cultura e da nossa economia. Que venham cada vez mais ações para colocar o nosso agronegócio em evidência.
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