Editorial

Pauta para o ano todo

Encerrada a Semana da Consciência Negra, muito se falou e muito se fez. No entanto, a pauta não pode morrer - ou cair no atraso, como muito ocorreu. Para Pelotas, muito mais do que um reconhecimento, houve a correção de um pecado histórico na última semana. Manoel Padeiro, enfim, teve oficializado o papel de herói do Rio Grande do Sul. Apesar disso, infelizmente, ele é uma figura ainda pouco conhecida no dia a dia de uma cidade que bastante ressalta o passado.

Na Revista DP de novembro, bem como na pauta publicada na editoria de Cultura na quinta-feira, Ana Cláudia Dias destrincha um pouco da história do homem que dedicou-se a, na Serra dos Tapes, ser um salvador de escravizados na região. Fugido do sistema escravocrata, Manoel Padeiro liderou um grupo de homens e mulheres que lutavam pelo direito de se manterem livres, na década de 1830. Visto, na época, como um vilão e tendo até um preço colocado por sua cabeça, o tempo serviu para fazer jus à memória de Manoel Padeiro. Porém, foram quase dois séculos para isso. Não podemos deixar, novamente, erros históricos persistirem. Que Pelotas ressalte cada vez mais a memória dele!

Dentro da pauta da semana, na quinta-feira, a Prefeitura de Pelotas lançou o programa que estimula a formação de lideranças negras, algo que é notoriamente necessário quando para para se pensar, refletir e comparar, na matemática mesmo, a diferença que há entre pessoas negras em posições de chefia e liderança e sua proporção na sociedade. A Câmara de Vereadores é um exemplo, em que a proporção é de "quatro para 21", baixíssima.

Por isso, gera também alegria a pauta trazida pelo repórter João Pedro Goulart na edição de hoje do Diário Popular. No Colégio Pelotense, a criançada parou para pensar que poucas das ruas de Pelotas têm nomes de personalidades negras. Foi quando resolveram jogar luz a isso e nomear corredores da escola com seus heróis pessoais.

Embora o Dia da Consciência Negra seja extremamente necessário - vai até virar feriado - a pauta de luta contra o racismo não pode amolecer ao longo do resto do ano. Não se pode esperar por outros 364 dias para reforçar a importância de lidar com o horror inacreditável que é diminuir alguém apenas pela cor de sua pele.


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