Conjuntura Internacional
COP 27
Por Cezar Roedel
Consultor de Relações Internacionais
Transcorre a 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP 27, entre os dias 6 e 18 de novembro, em Sharm El Sheikh, no Egito. São esperados mais de 90 chefes de estado, bem como representantes dos países membros da ONU. Assume a presidência do evento, o ministro de Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry. Na oportunidade os chefes de estado buscam soluções às questões climáticas e as metas (que nunca são cumpridas) para redução da temperatura global. A conferência é aberta com a Cúpula dos Líderes Mundiais e, na primeira semana, são abordadas questões como finanças climáticas, descarbonização, adaptabilidade às mudanças climáticas e agricultura, entre outros. O objetivo da ONU e dos líderes mundiais é a redução da temperatura em 1,5°C. Outro objetivo é a adaptação aos eventos climáticos adversos como as ondas de calor, inundações e incêndios florestais. Este objetivo já estava na COP 26 e agora é trazido novamente, justamente pela falta de compromisso real pelos líderes mundiais. Outro tema é o financiamento climático, para que os recursos possam ser alcançados a países em desenvolvimento, em especial à África. Por fim, outro objetivo é o da colaboração entre os países para que, de fato, as metas e os compromissos sejam cumpridos. Talvez este seja o mais inatingível, uma vez que as conferências vão passando e as metas ficam para trás, dada a emergência de realpolitik, como uma guerra no leste europeu que obrigou, por exemplo, a mudança nas matrizes energéticas europeias, impelindo países a buscarem fontes de energia sujas.
A relativização da Amazônia
A Amazônia é um tema recorrente quando os líderes mundiais estão reunidos. Nessas ocasiões é comum que relativizem a soberania da mesma, com intuitos obtusos de explorar recursos que não são seus, com uma roupagem de que estão preocupados com o meio ambiente. A emergência dos governos de esquerda na América Latina, e agora com a política externa de Lula, o risco é ainda maior, já que não parece haver preocupação significativa com a soberania amazônica. Um exemplo é o apelo dos líderes venezuelano e colombiano, Maduro e Petro, para que se estabeleça uma aliança para a “proteção da Amazônia”.
A atual conjuntura
A COP 27 transcorre em meio a uma turbulenta conjuntura internacional. Há o aspecto da guerra russa contra a Ucrânia, que trouxe uma nova configuração energética ao mundo. Países europeus tiveram de readequar suas energias limpas para outras fontes, com a escassez do gás e do petróleo por parte da Rússia. A conferência ocorre no meio de narrativas nucleares por parte de Putin, ou seja, enquanto a COP 27 utopicamente discute as melhoras metas de temperaturas, há a possibilidade de aniquilação total, a partir das armas nucleares. As potências ocidentais parecem estar mais preocupadas com a compensação de carbono do que com a devastação ambiental que a Rússia produziu na Ucrânia, por exemplo. De outro lado há a China, com o novo mandato ditatorial de Xi Jinping, querendo ser um player nas discussões sobre o clima, em que pese as peculiaridades. Enquanto transcorre a grande encenação climática, a realpolitik impõe o seu alto preço no tabuleiro geopolítico mundial.
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