Editorial
Números que preocupam
O domingo que passou marcou o primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2022. Mais do que escrever uma redação com o tema “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil” e a dificuldade das provas de linguagens e ciências humanas, o que chama a atenção é o alto número de abstenção.
De acordo com o balanço publicado ainda na noite de domingo pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela aplicação da prova, mais de 985 mil - dos 3,4 milhões de inscritos para as versões impressa e digital do Enem 2022 - não compareceram aos seus locais de prova, o que corresponde a 26,7%. Obviamente, este número também contempla aqueles que chegaram após o horário estipulado. Como aconteceu com a menina de Fortaleza, no Ceará, que chegou com alguma antecedência ao local de prova, mas resolveu sair para fumar e, quando retornou, os portões já estavam fechados. Ou ainda como aconteceu com alguns estudantes de Macapá, que confundiram o estado do Amapá com a pequena cidade de Amapá, distante 300 quilômetros da capital, e só perceberam o equívoco quando chegaram ao local errado.
Os números deste ano são levemente superiores aos do ano passado, quando 26% dos mais de três milhões de inscritos deixaram de realizar o Exame Nacional do Ensino Médio. Esses índices de abstenção foram superados pela complexa edição de 2020, adiada para janeiro de 2021 devido ao pico de contágios da pandemia de Covid-19. Naquela ocasião, 51,5% dos inscritos não fizeram a prova.
Outro fator preocupante, e que parece já ter chamado a atenção do governo federal eleito, é a queda no número de participantes nos últimos anos. O Brasil passou de 5,8 milhões de inscritos em 2016, para 4,4 milhões em 2017. Os números seguiram caindo nos anos seguintes, 3,9 em 2018 e 3,7 em 2019, e despencaram nos anos atingidos pela pandemia, 2,6 em 2020 e 2,2 em 2021.
Pois essa será mais uma missão para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o futuro ministro da Educação. Identificar os motivos da diminuição do interesse da população pela formação acadêmica e tentar entender porque um quarto dos postulantes desistem da fazer as provas mesmo depois de pagar a inscrição.
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