Opinião

Desafios para o novo prefeito na visão de um eleitor

Por João Carlos M. Madail
Economista, Professor, Pesquisador e Diretor da ACP
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Pelotas abriga uma população de 325.685 pessoas, entre as quais 247.744 eleitores, segundo o último censo. No aspecto econômico, o Município participa com 1,85% do PIB do Estado, o que o coloca na 8ª posição entre as maiores economias do RS, segundo o IBGE. Pelotas não é diferente dos demais municípios brasileiros em termos de problemas próprios e soluções que levam em conta o seu contexto local.

Muito tem sido feito pelos últimos governos, mas é possível identificar outros tantos que surgem em função do crescimento da população. Como a economia da cidade está fortemente alicerçada nas atividades de comércio e serviços que juntas, representam 77,8% do PIB, Pelotas carece de um polo industrial que movimente a economia com impostos, empregos e renda para uma população, cujo saldo de empregos formais tem sido negativo nos últimos anos, o que os obriga a deixar o Município em busca de oportunidades em outros locais. Com o retraimento da atividade econômica e o aumento do desemprego, a tendência é que a cidade arrecade menos e deixe de investir em setores importantes, como educação, saúde e infraestrutura - que contempla todos os serviços básicos de uma cidade como luz, transporte público, rodovias e rede de esgoto.

O novo prefeito deve conhecer com profundidade os problemas atuais e escolher secretários com experiência em gestão e que entendam as realidades locais e apresentem de imediato, soluções que atendam as necessidades das pessoas que moram nos bairros, na zona rural ou na periferia urbana. Em Pelotas, um contingente significativo de pessoas mora em condições subumanas, algumas das quais visíveis e outras nem tanto para quem não circula pelo interior da cidade. O numero de moradores de rua que já era grande aumentou com a pandemia, alguns dos quais sobrevivendo do que resta nas lixeiras. O momento é de emergência habitacional, antecipando os meses de inverno que, em geral, sacrifica os mais debilitados.

Os considerados pobres, que somam em torno de 19,17% da população, além da precariedade das moradias, estão expostos a doenças pela falta de tratamento de esgoto que em Pelotas 49% são coletados, mas não tratados, e 3% não é tratado nem coletado. O Balneário do Laranjal, bairro de Pelotas onde habitam o ano todo 45 mil pessoas, é um exemplo da falta de tratamento de esgoto em grande parte do bairro, o que tem contribuído para a poluição das águas da lagoa. Para que tudo isso e muito mais esteja na pauta do novo prefeito é preciso, antes de tudo, enxugar a máquina administrativa, contar com um quadro de colaboradores preparados e com vontade de melhorar a cidade. O novo prefeito, além de um bom gestor, deve inspirar cada pessoa a se desenvolver como profissional e transmitir segurança. Deve atuar, também como um "marketeiro", sujeito preparado para repassar a imagem da cidade para empreendedores ou quem estiver disposto a investir. É preciso pensar que, diferentemente dos grandes centros, as cidades de porte médio, como Pelotas, precisam divulgar o próprio nome, suas virtudes, para atrair a atenção e convencer os investidores de que o Município está pronto para novos negócios. No momento de optar por uma localidade, as indústrias são atraídas pelas vantagens competitivas, que são características de um lugar que garante àquela indústria maior competitividade no mercado. Pelotas é o polo geoeconômico de uma região com mais de 600 mil habitantes, cidade plana próxima do Mercosul e de um grande porto exportador. Em síntese, o novo prefeito precisa estar à altura dos novos tempos, impulsionar a cidade com obras e ações na prática e não no conteúdo do discurso e que tenha as qualidades necessárias para uma vida política sadia que compreende honestidade no exercício do cargo.

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