Opinião
A fé não tem dono, nem preço e nem data de validade
Por Paulo César Olmedo
Engenheiro Civil
Aos olhos das pessoas eu sou ateu, isso não quer dizer que não tenha fé, que não acredite em Deus e que não pratique o bem. Minha mãe, a qual tive pouco convívio, mas muito aprendizado, morreu quando tinha apenas 13 de idade. A religião dela era, como diziam na época, da boa vontade. Acreditava em todas e frequentava as mesas do kardecismo e reuniões de umbanda eventualmente. Apesar de não sermos ricos, éramos remediados, como a classe média baixa era rotulada naqueles tempos. Ela praticava o bem, ajudava os mais necessitados sempre, mas em troca de alguma reciprocidade ou serviço, pois o que ela mais odiava era a malandragem. Ela dizia para os filhos do pipoqueiro que a rodeavam sempre, faz isso ou aquilo que eu te dou um pontapé. E assim eles viviam pedindo para levar um pontapé de minha mãe, que nos deixou aos 57 anos, pois pereceu por uma crise de angina, que era mortal nos idos de 1960.
Dona Noca acreditava nas pessoas, ajudava até quando não podia, e tinha uma fé inabalável sem precisar pagar um tostão aos donos de religiões, pagava com o bem que prestava a todos que a procuravam. Nossa casa era como um país acolhedor, sempre recebendo parentes, imigrantes e refugiados de outras casas. Nunca negou um prato de comida a quem quer que fosse. Ela sabia a data que passaria para o outro plano, pois quando saiu de nossa casa, pediu a um agregado que morava conosco que desmontasse sua cama de casal e montasse duas de solteiro, para mim e meu pai. E assim foi, ela passou um tempo na Beneficência Portuguesa, em que éramos sócios, um tempo em nossa casa da cidade de Rio Grande e foi para Pelotas, para ficar com minhas duas irmãs que já eram casadas na época. Faleceu em 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição, na casa de uma delas.
Depois de todo esse preâmbulo, quero afirmar que fé é inerente das pessoas e das que a cercam, sem fé nossa vida não teria sentido. Quando grandes filósofos escreveram seus livros, dizendo serem ateus, tinha algo de fake news em suas palavras, pois quem tem fé acredita em um poder superior a nossa vã sabedoria e, além do mais, ninguém vive sem fé. Fé se complementa com esperança. Portanto, querer acabar com as religiões, com a família tradicional e interferir na propriedade de cada pessoa, isso é um ato insano e cruel. Desde o dia em que nascemos até sairmos desta passagem etérea, que se chama vida, buscamos atingir algo que pensamos querer e temos somente uma certeza. A certeza é que temos tempo de validade e o objetivo é tudo aquilo que construímos ou destruímos nesse período tão curto para uns e longo para outros, que precisam cumprir seu calvário como pagamento de vidas passadas, assim dizem os espiritualistas.
O mundo mudou, cresceu, está superlotado, perdemos as referências que tínhamos no passado, o que era certo antes, pode estar errado hoje, nossos governantes atropelam as leis, as regras, criam novas para seu favorecimento e querem abduzir nossas mentes, fazendo mentiras parecerem verdades, mas nossa fé é uma ferramenta poderosa e ninguém neste planeta poderá tirá-la de nós, pois quem a tem, sabe que está arraigada dentro de nossos corações e mentes. Dias melhores virão, promessa do criador que tudo nos dá e nada pede em troca.
Tenham fé e suas vidas serão mais tranquilas. Amém.
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