Cezar Henrique Ferreira

Dia do Trabalho e da valorização profissional

Cezar Henrique Ferreira
Presidente do Sindicato dos Engenheiros no Rio Grande do Sul (Senge/RS)


No Brasil de hoje, mais do que nunca, a celebração do Dia do Trabalho deve ser valorizada e repercutida, já que trabalhar, criar e produzir formam a essência de todas as atividades humanas. Foi assim e sempre será, mesmo que as relações de trabalho sofram a cada dia novas interpretações, novos conceitos, quase sempre justificados pela redução de custos à atividade produtiva e pela ampliação do emprego. Trata-se de uma falácia que cai por terra a cada denúncia de trabalho análogo à escravidão; a cada exemplo de precarização; a cada recorde nos lucros dos bancos; a cada nova estatística que venha a confirmar que os ricos estão cada vez mais ricos e que, infelizmente, o número de brasileiros que vivem à margem da sociedade se mantém em níveis extravagantes, inconcebíveis, ultrajantes.

Embora sejam profissionais qualificados, engenheiros e engenheiras também têm suas carreiras atingidas, seja pela precarização do exercício profissional, seja pelas oscilações dos índices de crescimento da economia (que pulverizam empregos a rodo), ou ainda pela falta de apetite dos gestores públicos de recomporem equipes técnicas dos diversos segmentos. Sendo assim, como impulsionar o desenvolvimento socioeconômico sem a valorização de todos os trabalhadores, inclusive os profissionais de Engenharia?

Como reduzir as desigualdades sem valorizarmos o trabalho? A “relação de trabalho” exige equilíbrio entre governo, empresários e a classe trabalhadora. Se um dos elos desta corrente for preterido, não haverá justiça, não haverá democracia e a porta da casa ficará escancarada para manobras e ideias de ruptura. Está provado que a Reforma Trabalhista corrompeu este equilíbrio, que precisa ser restabelecido. É evidente que as transformações nos meios de produção repercutem nas relações de trabalho. Porém, nenhuma nação verdadeiramente democrática alcançou o desenvolvimento sustentável sem a imprescindível valorização do trabalho.

Inovação e tecnologia não podem ser encaradas como vilãs nem tampouco como soluções inevitáveis e definitivas. Cabe aos trabalhadores e seus sindicatos agirem desde já em favor deste equacionamento, que passa, obrigatoriamente, pela revisão da reforma, pela valorização do trabalho e pelo reconhecimento por todos da importância da atividade sindical para o estabelecimento da justiça social, do desenvolvimento e da paz em nosso País.

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