Editorial
Dignidade
A Estrada do Engenho é um daqueles locais marcantes para cada repórter que passa pela Redação do Diário Popular. Já se perdeu a conta de quantos anos se acompanha o caso de quem mora sobre a taipa do canal São Gonçalo. Todos, ou quase todos, botaram seus pés lá. São dezenas, quiçá centenas, de reportagens com diversas abordagens, a maioria trazendo uma questão em comum: a tristeza da falta de recursos e a precariedade das moradias.
De 2017 para cá, a questão da retirada das casas dali é acompanhada por incontáveis fatores. A cada desdobramento, uma nova história de morador podia ser contada. Passou pela falta de clareza na comunicação com o Poder Público, depois pela indefinição de quem moraria nas novas casas. Agora, começamos a mostrar que, enfim, moradia digna, um direito constitucional, enfim chegará para essas pessoas.
São 57 casas que receberão, a partir do final desse mês, caso o tempo permita, famílias que antes moravam às margens da água. Boa parte dos domicílios sequer tinha estrutura básica. As histórias trazidas na reportagem da página 3 de hoje, por Victoria Fonseca e Carlos Queiroz, mostram um pouco da emoção de quem está em vias de ter moradia digna.
Houve, e seguirá havendo, toda a problemática envolvendo outras famílias que não serão retiradas do local para essas casas, a preservação de um ponto histórico da cidade e a potencial especulação imobiliária que envolve toda a região. Mas não há como não deixar de comemorar e até se emocionar com as histórias de quem, entre outras coisas tão básicas, passará a ter um chuveiro para tomar um banho quente nesses dias frios.
À época, o principal argumento para a retirada dos moradores da taipa era o risco. Realizada a questão, agora é hora, também, de cobrar que em outras regiões da cidade a dignidade chegue. Outras moradias, embora também irregulares, são históricas em pontos similares, como sobre a taipa do canal Santa Bárbara, nos arredores da rodoviária. Outras áreas da cidade com loteamentos que carecem do básico de estrutura também precisam estar na mira do Poder Público para receberem esse tipo de apoio.
Por mais que a história das moradias da Estrada do Engenho muito provavelmente não acabe por aqui, enfim, a história parece estar tendo um passo positivo. Fiquemos atentos para os próximos.
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