Zé Nunes

Dois anos de lutas e desafios

Por Zé Nunes
Deputado estadual pelo PT, presidente da Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo da ALRS

Tive a oportunidade de presidir a Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul nos últimos dois anos. Foi um período de muito trabalho, tratando de temas como dívida pública, geração de energia, pesca, concessão de estradas, transporte escolar, aplicativos de entrega, entre diversos outros. No entanto, o período não foi apenas de vitórias.

O governo do Rio Grande do Sul, apesar de muita luta contrária da bancada do Partido dos Trabalhadores, bem como entidades relacionadas ao tema, acaba de vender a Corsan pelo valor mínimo do leilão com apenas uma oferta, de R$ 4,1 bilhões, apesar de a empresa ter R$ 1,5 bilhão separados para distribuição a acionistas. Além disso, o 1,5 milhão de gaúchos que dependem do piso regional vão receber apenas 10,6% de reajuste nos seus salários no próximo ano, quando a reposição exigiria no mínimo 15,58%, valor este já negociado, pois a proposta inicial do Executivo era de 7,7%. Isso tudo em ambiente de recessão, com a economia do Estado retraindo 6,6% e os preços inflacionados.

Os dois governadores deste último ciclo se orgulham de terem acertado as contas do Estado, especialmente através de constantes privatizações, retirando patrimônio da mão dos gaúchos e colocando na mão de empresas privadas. No entanto, ao enviar a Lei Orçamentária Anual para a Assembleia Legislativa, o fizeram com projeção de déficit de R$ 3,8 bilhões. Fica a pergunta: ajustaram as finanças para quem? Vender patrimônio para custear gastos nunca funcionou.

Apesar disso, nem tudo foi tragédia nos últimos dois anos. Após sete anos de procedimentos e articulações, aprovei na Assembleia o PL 204/2015, que prevê a classificação do fumo na propriedade do agricultor. Até então, o agricultor arcava com frete até as empresas, que faziam a classificação lá, muitas vezes avaliando abaixo do esperado, o que fazia com que ou fosse vendida a safra inteira por um valor menor, ou o cultivador tivesse que arcar com outro frete para retornar para suas terras. Com a mudança, as empresas enviarão o avaliador para as propriedades e realizarão a classificação em frente a quem de fato planta. É uma vitória para a agricultura familiar do Estado. É questão de isonomia de direitos.

No Brasil, temos esperança. A vitória do presidente Lula indica novo caminho, de direitos garantidos, de valorização do salário mínimo, de geração de emprego e renda, de respeito às diferenças e respeito à democracia. Com a garantia do Bolsa Família de R$ 600 reais, o povo respira tranquilo, tem a certeza de que poderá voltar a se alimentar adequadamente enquanto a economia se reaquece, projetos são tirados do papel e volta-se a ter oportunidades.

A vitória de Lula ainda representa a volta do Brasil aos holofotes internacionais, a diplomacia, o respeito dos outros líderes mundiais e a preocupação com o meio ambiente, a sustentabilidade, a Amazônia. Como disse Chico Buarque de Hollanda em sua música "Apesar de você", amanhã há de ser outro dia. Voltamos a ter esperança. Feliz Ano Novo!

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