Editorial

E a nossa parte?

Todas as vezes em que nos deparamos com algum desastre natural, como este que causou estragos inestimáveis no Rio Grande do Sul - em especial aos municípios de Muçum e Roca Sales - surge um questionamento: de quem é a culpa? Via de regra, prontamente os dedos são apontados em direção ao poder público, seja por problemas de infraestrutura nas cidades, seja por falta de planejamento quando as previsões mais pessimistas começaram a chegar.

Em meio a tudo isso surge uma dúvida. Será que nós, a população, não carregamos uma parte dessa culpa? Segundo dados confirmados pela Prefeitura de Pelotas, a resposta é sim. A matéria da repórter Victoria Fonseca, publicada na página 3 da edição de final de semana do Diário Popular, traz um números estarrecedores. A cada mês, as equipes do Município recolhem 1,2 mil cargas de entulhos, frutos de descartes irregulares como restos de podas de árvores, móveis, lixo doméstico e resíduos de construção. Ocorre que com a chuva muito acima da medida histórica, o movimento das águas desloca o lixo que é jogado em e acaba entupindo as galerias de escoamento pluvial. E tanto para retirar o entulho das ruas quanto para limpar essas galerias, a Prefeitura tem um gasto mensal que chega a R$ 600 mil.

Mas o descarte irregular não é uma exclusividade das ruas, praças e valas do Município. Até os canais são utilizados para o despejo de lixo. Neste caso, o problema vai estourar nas casas de bombas, responsáveis pelo escoamento das águas. Segundo a Prefeitura, semanalmente as equipes recolhem em torno de 14 toneladas de lixo, somente na casa de bombas Anglo. Uma carga que foi consideravelmente maior nas últimas semanas devido às precipitações.

O Código de Posturas do Município aponta que descartar lixo em local impróprio é passível de multa, mas sabemos o quanto é difícil fazer uma fiscalização mais ostensiva. Por isso é preciso, cada vez mais, que cada uma faça a sua parte. Que procure o Ecoponto mais perto ou que entre em contato com os órgãos responsáveis em caso de dúvida sobre a forma de descarte. É óbvio que o Poder Público pode e deve ser cobrado nesses casos. Como dizem, "é para isso que pagamos impostos". Mas no fim a dúvida que fica é: e nós, estamos fazendo a nossa parte?


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