Vilson Antonio Romero

E, agora, Luiz Inácio III?

Por Vilson Antonio Romero
Jornalista, auditor fiscal, conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), vice-presidente da Associação Riograndense de Imprensa (ARI) e presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip)
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Muitos problemas seguem batendo à porta dos brasileiros nesta virada de ano. A desigualdade social neste nosso País subdesenvolvido é escancarada em cada semáforo, ou sob viadutos e marquises. Nas barraquinhas e camas de papelão espalhadas por todos os cantos. Há alguns anos era somente nas metrópoles, mas se espalharam como um rastilho de pólvora durante a pandemia de coronavírus que teima em não nos abandonar.

Nosso Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) segue catastrófico. Com duas quedas seguidas, o Brasil se situa em 87ª posição no ranking de desenvolvimento entre 191 países, com um IDH de 0,754. Nas Américas, o país com a melhor colocação é o Canadá, na 15ª posição, com índice de 0,936. Na sequência vêm os Estados Unidos, em 21º, com IDH de 0,921. Seguimos atrás de Chile, Argentina, Uruguai, e Peru, segundo o último relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) que avalia expectativa de vida, educação e renda per capita.

Esses indicadores são reforçados pelo recrudescimento da pobreza extrema em todo o território nacional. As intercorrências da Covid-19, segundo o IBGE, fizeram aumentar em mais de 22% o número de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza. Já o número de pessoas em situação de extrema pobreza saltou 48,2% no último período avaliado.

Isso significa que quase 12 milhões de brasileiros passaram a viver abaixo da linha da pobreza e outros 5,8 milhões foram empurrados para o submundo da extrema pobreza. São mais de 62 milhões de brasileiros que recebem o novo governo em famílias com menos de 5,50 dólares diários para seu sustento. Dentre estes, quase 18 milhões sobrevivendo (como se isso fosse possível!) com renda mensal per capita até R$ 168, segundo os critérios do Banco Mundial.

Incontestável é a falta de comida no prato. O governo terá que implementar medidas urgentes para mitigar a fome de mais de 33 milhões de brasileiros. A insegurança alimentar, ao lado do combate ao desemprego e ao trabalho precarizado, são problemas que exigirão políticas públicas urgentes que estão além dos R$ 600 do Bolsa Família.

Ao largo do debate sobre responsabilidade fiscal, há que ser priorizada a pauta da responsabilidade social, sob pena de cada vez mais as placas de papelão pedindo dinheiro, comida e ajuda avançarem além das esquinas da Faria Lima ou da avenida Paulista, e invadirem o centro econômico que o acolhe o Senhor Mercado.

Esse é o Brasil que espera o novo ano e o novo governo. Luiz Inácio III assume com enorme responsabilidade de mitigar estas mazelas ao longo de seu mandato.

Oremos!

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