Opinião

Getúlio foi um grande amante (parte final)

Por Rubens Amador
Jornalista


...O grande amor da vida de Getúlio foi uma mulher chamada Aimée, esposa de um auxiliar da presidência e posteriormente presidente do famoso Dasp. Getúlio amou muitas mulheres, mas nenhuma como Aimée. Disse ele em seu diário: "Estou inquieto, perturbado com a presença daquela que me desperta um instinto mais forte do que eu poderia esperar. O local, a vigilância as tentações que a rodeiam e assediam não permitem falar-lhe, esclarecer situações equívocas e perturbadoras. Amanhã, talvez, um passo ariscado ou uma decepção . O caminho se bifurca-posso ser forçado a uma atitude inconveniente". Na anotação seguinte do ano 38, rabiscou: "O encontro realizou-se, a inquietação passou. A bondade divina não me abandonou. Amanhã deverei novamente enfrentar o risco de um sentimento que me inspira."

Getúlio estava perdidamente apaixonado por essa mulher. Dona Darcy, assim que soube do que acontecia, retirou-se do quarto do casal, e jamais voltou a ele embora permanecesse socialmente ao lado de Getúlio até o fim. O escândalo se tornara por demais comentado, e Aimée, agora, já estava separada de seu marido, que também ficou sabendo que ela o traía. Só que, como disse por carta a Getúlio Vargas, o marido ultrajado: "ignorava com quem". E partiu para a Itália para espairecer, a convite do próprio Getúlio. Quando voltou ganhou a presidência do "Dasp". O presidente mantinha um diário, no qual escreveu: "Levanto-me cedo e vou ao 'rendez-vous' previamente combinado. O encontro deu-se em plena floresta, à margem de uma estrada. Para que um homem da minha idade e posição corresse esse risco, seria preciso que um sentimento muito forte o impelisse. E assim aconteceu. Tudo correu bem. Retornei feliz e satisfeito, sentindo que ela valia esse risco- até maiores."

A seguir escreve em seu diário: "Devo estar doente. Passei mal à noite. Não pude dormir. Levantei-me cedo e trabalhei até às três da madrugada. Provavelmente excesso de fumo e café." Comentário do autor do livro: "Não era. E sim ele estava somatizando a ausência de Aimée, que partira para Paris, ante o escândalo que se formara na sociedade carioca." Por mais de uma vez Getúlio retornou ao "ninho de amor" já deserto, tendo invariavelmente permanecido lá dentro, sentado, por horas. Não resistia a tentação, pegava o telefone e ligava para Paris, na tentativa de mitigar as saudades e de receber notícias da ex-amante. Aimée acabou casando-se com um milionário americano, dono de famosa cadeia de lojas e foi considerada pela Time como uma das mulheres mais elegantes, só superada por Wally Simpson, que acabou casando-se com o Rei da Inglaterra, que teve que abdicar para poder unir-se a uma mulher separada, obedecendo a inflexível religiosa legislação britânica.

Getúlio Vargas foi homem "dos mais lautos momentos amorosos", e sua "amante", até o seu fim de vida, foi a ex-vedete Virgínia Lane, a quem batizou de "A vedete do Brasil", recentemente falecida com cerca de cem aos. Este final jocoso e respeitoso ao mesmo tempo, é meu, sobre o grande político e homem ligado à política e ao amor. Talvez por isso ele tenha realizado tanto, e ficado para sempre no imaginário dos brasileiros - seus admiradores ou seus adversários - por muitos e muitos anos ainda.

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