Editorial
Hora de firmar o pé
Iniciado ontem, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o primeiro julgamento de envolvidos nos atos de 8 de janeiro deixou um recado claro, tanto pela celeridade, quanto pela posição dos ministros que proferiram as palavras no primeiro dia: a democracia brasileira será protegida. Há que se garantir o direito à oposição, estimular o debate crítico e as cobranças a todos os governos. Mas isso não pode ser acompanhado, em hipótese alguma, de violência e arroubos golpistas, como os vistos naquela fatídica tarde em que Brasília foi tomada por uma multidão alucinada. Reflete-se, aliás, sobre o poder das multidões:
O primeiro voto, de Alexandre de Moraes, trouxe frases impactantes que ajudam a refletir sobre o momento que vivenciamos naquele janeiro. Em um Brasil polarizado, com eleições intensas e tão acirradas, era natural que o lado derrotado, seja qual fosse, ficasse de certa forma revoltado, afinal, em suas bolhas, se enxergam como maioria - seja de direita ou de esquerda. Até os nem um, nem outro, chamados pejorativamente de isentões, também se enxergam como maioria.
E tudo bem, questionar é necessário, pressionar também. Mas ver símbolos pátrios e pertences públicos sendo destruídos, como a marcante imagem do relógio do século 17 jogado ao chão, é de deixar qualquer brasileiro indignado. Punições para aquilo são necessárias. Por mais que aquela grupo se sentisse revoltado, nada dá direito à depredação. Oposição se faz de mil e uma maneiras, mas nenhuma com violência dessa maneira. Não em um país que vem amadurecendo sua democracia, ainda tão jovem.
Outro recado positivo passado pelo início desse julgamento é que era o de apenas um indivíduo. Embora sejam milhares os que vão passar por isso, é de extrema importância, também democrática, que sigam sendo considerados os direitos - e punições - individuais, sem coletivizar. Vai dar trabalho, claro, mas é outra maneira de sustentar nossa democracia. Por mais que muitos argumentem que é - incluindo a defesa do primeiro acusado - não pode, jamais, ser um julgamento político. Deve, sim, ser exemplar, para que no futuro não tenhamos que passar por traumas como foi esse registrado em janeiro.
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