Sandro Mesquita
Expo Favela Innovation RS
Já trouxe esse tema aqui nas minhas opiniões, inclusive fiz uma sequência sobre a questão por julgar importante abordar, aprofundar e, sobretudo, desenvolver ideias, ações, projetos e programas que contribuam com o entendimento da temática.
Nos dias 1º e 2 de setembro tivemos produzindo a 1° edição da Expo Favela Innovation do Rio Grande do Sul, uma feira de empreendedorismo e inovação das favelas, mas em conexão com o asfalto, ou seja, tudo o que é produzindo e desenvolvido em territórios vulnerabilizados por pessoas que geralmente se desafiam na área do empreendimento às vezes mesmo sem saber o que de fato é isso, mas que através da feira apresentam suas ideias para que pessoas e empresários do asfalto com disposição possam investir no negócios ampliando assim suas lucratividades.
Mas a feira, para além desse espaço de negócios, tem muita troca, espaço de palestras de todos os temas ligados direta ou indiretamente com o empreendedorismo, espaço para empresas parceiras mostrarem seus produtos, estandes de empreendedores "anônimos", espaço literário, espaço musical, cultural e artístico com todos os elementos das comunidades, periferias e favelas, mostrando assim todo potencial desses espaços, que se torna uma grande vitrine de negócios.
Nessa primeira edição em dois dias de evento tivemos uma circulação de quase 13 mil pessoas no centro de eventos da PUC, mais de 300 expositores que apresentaram e comercializaram seus produtos, mais de 20 palestras sobre os temas que envolvem a pauta, conexões em todos os sentidos e dez empreendedores classificados para participar da edição da Expo Favela Innovation Nacional que acontecerá em São Paulo, nos dias 1º, 2 e 3 de dezembro, juntamente com todos os outros classificados dos 20 estados que também estão desenvolvendo suas feiras.
Mas o que uma feira que teve sua primeira edição em abril de 2022 e começou a percorrer o território brasileiro em abril de 2023 tem pra mostrar? Tem pra construir? Tem pra contribuir? Sobretudo no que diz respeito ao público das periferias que somam mais de 17 milhões de pessoas que empreendem ou tem o sonho de empreender?
E necessário que as instituições governamentais ou não estejam ligados nos números que são desenvolvidos por essa cadeia produtiva de inovação e negócios independente de formalidade ou não.
É preciso que a aproximação dessas instituições a esse público não seja só pra que a pessoa ou o negócio seja formalizado se tornando mais um número de MEI ou CNPJ, mas que possam ter todo o suporte de conhecimento sobre legislação e a importância de ser formalizado dentro de uma realidade econômica que oscila e onde na maioria das vezes não se tem um capital de giro.
É importante trazer todo o aparato de tecnologia para esse público, porém respeitar suas tecnologias, sua cultura e até mesmo limitações de linguagens e entendimento sobre o que é ser empreendedor, uma questão que ainda é muita nova dentro desse padrão estabelecido e dentro de uma realidade sócio cultural diferenciada, que precisa de sensibilidade e um olhar mais apurado para o desenvolvimento de políticas.
E trazendo para a Zona Sul, o empreendedorismo precisa ser pensado com um programa de aceleração do empreendedorismo negro, público que estatisticamente está desenvolvendo essa cadeia e que está fora do mercado de trabalho por falta de capacitação. Que tem uma escolaridade baixa, que não tem bens materiais e propriedades para abrir uma linha de crédito, enfim, trabalhar o empreendedorismo é um grande desfio para além de feiras, encontros, reuniões e seminários, mas isso precisa ser construído por nós!
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