Editorial

Igualado o maior jejum

A derrota sofrida pela Seleção Brasileira para a Croácia no começo da tarde de sexta-feira, nos pênaltis, novamente nas quartas de final de uma Copa do Mundo, continua sendo foco de múltiplas análises em busca de explicações para mais esta frustração. Falta de variação tática nas partidas, individualismos, excesso de confiança. Ou, simplesmente, incapacidade de superar um adversário que soube se portar melhor em um jogo decisivo. Estas são apenas algumas das hipóteses levantadas por analistas esportivos não só do Brasil, mas do mundo todo, que alimentavam a expectativa de ver o time na final e obter a sexta taça.

Contudo, em meio a tantos possíveis diagnósticos, há um fato inquestionável: na melhor das conjunturas, o futebol brasileiro acaba de igualar o seu maior jejum de conquistas de Mundiais desde que se tornou um protagonista ao erguer a Jules Rimet, em 1958. Quando a próxima Copa começar em 2026 - sediada conjuntamente por Estados Unidos, Canadá e México -, o Brasil terá completado 24 anos desde que a geração de Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e Roberto Carlos conquistou o pentacampeonato na Coreia do Sul e Japão, em 2002. O mesmo hiato incômodo quebrado pelo grupo de Romário, Bebeto, Dunga e Taffarel em 1994, quando a Seleção amargava como seu último título o Mundial de 1970, ainda sob o comando de Pelé.

Quando ficou tanto tempo sem taças, desde o tricampeonato, no período que antecedeu a quarta vitória o futebol brasileiro passou a olhar com mais atenção para dentro de si. Para a forma como se desenvolvia o esporte por aqui, desde a formação de jogadores até o modelo de jogo e comportamento que os selecionados nacionais utilizavam a cada campeonato. Uma das principais constatações à época foi a de que não bastava ao Brasil apenas o talento natural de suas estrelas. Times considerados dos sonhos, com craques inquestionáveis, acumulavam fracassos frente a seleções que, mesmo sendo boas, eram nitidamente menos inspiradas. Resultado: o time de 1994 adotou o equilíbrio entre o brilhantismo técnico, a disciplina tática e o comprometimento coletivo para chegar ao objetivo.

A derrota de sexta-feira não significa que o futebol brasileiro esteja neste mesmo lugar e que a “solução” para a volta das conquistas seja igual. Contudo, alerta para a necessidade de reavaliação do principal esporte nacional. Desde o surgimento e lapidação dos talentos até a postura desses atletas dentro e fora de campo, como representantes de milhões de brasileiros que têm no futebol sua inspiração para enfrentar os problemas e carregar um pouco de orgulho do País. Há que se restabelecer uma conexão.​

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

O Tarzan tupiniquim

Próximo

“A Douta Ignorância”: pedagógica

Deixe seu comentário