Editorial
Inacreditável
Poucas manchas são tão ruins na história de Pelotas e do Rio Grande do Sul quanto os nove anos, completados na terça-feira (9), sem solução para o desaparecimento da professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Cláudia Hartleben. É inacreditável que com toda a tecnologia que haja para solução de crimes e outros mistérios, não haja nenhuma forma de encontrar respostas para uma situação que mobilizou toda uma sociedade. Além de ser um escancarado fracasso de absolutamente todos os envolvidos no processo, é uma ferida eternamente aberta no coração da mãe, dona Zilah, hoje com 89 anos, e de amigos, colegas e alunos.
Essa crítica não é uma acusação de incompetência, necessariamente. Mas é, mais uma vez, importante lembrar que muito provavelmente um crime foi cometido e nenhuma prova foi deixada. Algo que beira o inconcebível. A não ser que estejamos diante de uma das coisas mais mirabolantes da história da criminalidade não só em Pelotas, mas no mundo inteiro. As denúncias feitas pelo Ministério Público acabaram não sendo aceitas pelo Judiciário pela falta de materialidade.
Como não dá para ficar para sempre investigando um caso, as buscas por respostas foram encerradas até que, por ventura, venha a surgir um fato novo. Como a história tem cara, cheiro e tudo mais de crime, já que não há qualquer registro na história da humanidade de alguém que tenha sumido sem mais nem menos, é mais uma situação de impunidade. Em que um ou mais criminosos andam por aí com a certeza de que cometeram o suposto "crime perfeito".
É uma situação que causa dor e preocupação em toda uma comunidade mas, especificamente, em uma mãe. A dor de viver sem respostas para um caso assim deve ser a mais horrível possível. De saber que algo aconteceu mas nunca ter certeza e explicações do que, como e, principalmente, o porquê. Só isso já deveria ser motivo para o caso nunca ser deixado totalmente de lado pelas autoridades já que, se quando procuravam, nada foi encontrado, imagine agora, sem ninguém investigando.
O caso Cláudia é um em vários em que o crime venceu, mas é também um eterno carimbo de fracasso para nossos órgãos de segurança. Se vai ficar para sempre assim, é impossível saber. Mas é a tendência, infelizmente.
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