Editorial

Justos protestos

Por uma destas infelizes coincidências, há um ano, entre os dias 11 e 12 de julho de 2022, a Zona Sul viveu dias semelhantes aos enfrentados na quarta e quinta-feiras da semana passada. Um forte temporal fez com que árvores caíssem, imóveis fossem danificados e a rede elétrica tivesse estragos com queda de postes, rompimento de cabos e outras avarias. Principal atingida, Pelotas chegou a ter mais de 70 mil clientes sem energia simultaneamente.

Como recorda o DP em reportagem na página 3 desta edição, naquele momento a retomada do abastecimento foi relativamente ágil. Em menos de 24 horas, em torno de 90% dos pontos afetados já estavam novamente com a luz funcionando. Nos locais mais afastados da área urbana ou onde a rede elétrica sofreu mais prejuízos ou, ainda, o acesso das equipes era mais difícil, o conserto se deu, em geral, até o fim do dia 14. Ou seja, em três dias o problema estava resolvido.

Embora três dias sem energia elétrica signifiquem enorme transtorno, comparar o tempo de religamento do ano passado com o que ocorre agora, em julho de 2023, faz com que aquele prazo de 12 meses atrás seja invejável. Afinal, há uma semana, desde a quarta-feira passada, dia 12, milhares de cidadãos da região continuam às escuras. Sem energia para tomar banho, armazenar alimentos, aquecer a casa em dias de frio próximo de 0ºC. E, diferentemente de outros episódios de quedas de luz em temporais, desta vez não são só moradores de áreas rurais ou pessoas em localidades de menor infraestrutura urbana. Em Pelotas, até ontem ainda havia gente desabastecida no Centro, no Areal, nas Três Vendas, no Recanto de Portugal, na Colônia…

Ao lidar com tamanha demora e ineficiência no atendimento às suas demandas, é natural que os clientes protestem contra a CEEE Equatorial. Há não muito tempo, enquanto a concessionária pertencia ao Estado, o argumento mais comum usado por quem buscava justificar problemas da companhia era o fato de ser estatal, inchada, sucateada, endividada. A solução estava na privatização. Agora, dois anos após a efetivação da venda e repasse do controle da empresa, o que os moradores do sul do RS veem é que os mesmos problemas continuam. No caso atual, com desempenho pior até em relação a si própria, no ano passado.

Ninguém deixa de reconhecer que o ciclone que atingiu a Zona Sul foi muito violento. Contudo, quem assume a concessão de serviço essencial como a distribuição de energia tem a obrigação de atuar com mais agilidade e resolutividade diante de eventos como esse, cada vez mais comuns. O tamanho do prejuízo que estes milhares de moradores de Pelotas e região estão tendo com a falta de energia é incalculável.

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