Editorial
Mais do que segurança
Até que ponto podemos crer que nossas crianças e adolescentes estão seguros enquanto estão em uma sala de aula ou em uma creche? Essa tem sido a pergunta que cada vez mais martela na cabeça de pais, avós e responsáveis que diariamente enviam seus filhos e netos para as escolas. E, como temos visto, não se trata de alarmismo injustificado. Infelizmente, passaram a ser cada vez mais presentes notícias como as publicadas na edição de hoje do Diário Popular e em veículos de todo o País, de que o ambiente escolar tornou-se alvo de ataques violentos contra educadores, funcionários e estudantes.
O mais recente e chocante episódio, ocorrido na manhã de ontem em uma escola infantil de Blumenau, em Santa Catarina, resultou na trágica morte de quatro crianças com idades entre cinco e sete anos, brutalmente atacadas por um homem de 25 anos armado com uma machadinha e um canivete. Outros quatro alunos, entre três e cinco anos de idade, que também estiveram sob a mira do assassino, ficaram feridos. Apenas nove dias antes, em São Paulo, um outro caso de violência dentro de uma escola havia tirado a vida de uma professora, alvo de facadas de um estudante de 13 anos que ainda feriu outras cinco pessoas.
Tais violências e tragédias estão cada vez mais próximas. Até alguns anos atrás, era comum o espanto da sociedade brasileira diante de ataques armados – de alunos ou invasores – em escolas dos Estados Unidos. O que era algo distante, logo lamentavelmente passou a ser mais próximo, com casos em educandários em diferentes regiões do Brasil. Contudo, o momento sinaliza o agravamento do problema, com mais ataques e atentados em curto espaço de tempo. De acordo com levantamento recentemente divulgado pela Unicamp, são pelo menos 22 episódios em escolas desde 2002. Praticamente a metade deles (dez) ocorrendo desde 2021, com quatro só neste ano de 2023. Para além dos ataques executados, há ainda outros 34 que foram evitados nos últimos dez anos, sendo 22 tentativas só no ano passado.
A preocupação da comunidade do Colégio Félix da Cunha, de Pelotas, que fez uma caminhada pedindo mais segurança, ou das escolas Juvenal Muller e Dr. Rui Poester Peixoto, de Rio Grande, são totalmente justificáveis, portanto. Contudo, levantam a necessidade de reflexão mais ampla sobre que tipo de sociedade é essa que tem tornado o Brasil também um terreno fértil a esse tipo de massacres em escolas. A vigilância das forças de segurança é necessária, certamente. Mas será o suficiente? Há muito a lamentar e mais ainda a refletir e agir para mudar o cenário.
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